Volkswagen interrompe produção no Brasil até setembro

A disputa entre Volkswagen e o grupo Prevent causou sérios danos para a fabricante.

Com a falta de peças para bancos, a marca alemã decidiu por um fim e rescindiu o contrato com as empresas que fazem parte da Prevent. A marca irá adiantar as férias coletivas para todos os funcionários enquanto os novos fornecedores (não revelados) iniciam o processo de produção. Os empregados irão voltar em dois grupos: o primeiro no dia 5 de setembro e o segundo no dia 13.

Desde março de 2015, a Volkswagen trava uma briga comercial com o grupo Prevent, que acusa a fabricante automotiva de possuir um débito de R$ 661 mil, referente a reajustes de preços que foram acordados, mas não cumpridos. A Volkswagen afirma que não há débito e que a interrupção no fornecimento é acompanhada de “solicitações sucessivas de aumento abusivo de preços e pagamento injustificado de valores sem respaldo contratual ou econômico”.

O grupo Prevent, que é controlado por um grupo de investidores da Bósnia, chegou ao Brasil comprando diversas fábricas nacionais de componentes para bancos. Já adquiriram a Keiper, Tower Automotive, Madel, TWB e Cavelagni. Em julho, compraram a Fameq, outra fornecedora da Volkswagen, fechando a empresa logo em seguida, demitindo 180 dos 200 funcionários.

Em maio, a Volkswagen conseguiu uma liminar na 2ª Vara Cível de São Bernardo do Campo, que obrigava a Prevent retomar o fornecimento de peças em até 24 horas, com multa diária de R$ 500 mil. Nem assim resolveu o problema. Em nota enviada à imprensa poucos dias depois, a Volkswagen acusou a Prevent de entregar uma quantidade muito pequena, algo que a fabricante descreveu como “uma tentativa de confundir o representante do poder judiciário”.

A Fiat chegou a enfrentar o mesmo problema de abastecimento em maio, paralisando a produção da fábrica em Betim (MG). O motivo alegado pela Prevent foi o mesmo: a Fiat devia dinheiro de reajustes acordados antes e que, enquanto isso não era resolvido, deu férias coletivas para os funcionários da Keiper. A Fiat entrou na justiça, alegando que o fornecimento foi cortado sem aviso prévio enquanto negociavam o reajuste. Pouco depois, conseguiram que a Prevent voltasse a fornecer as peças e não tiveram mais nenhum problema desde então.

Fim da linha

Mesmo com a liminar, a situação segue a mesma. A Prevent entrega quando quer, sempre em uma quantidade muito abaixo do que deveria. Neste vai e vem, a Volkswagen perdeu 120 dias com suas linhas de produção paradas. Para a fabricante, a única solução foi rescindir os contratos e buscar novos fornecedores. Ainda assim, terão que deixar as fábricas paradas enquanto transferem suas ferramentas que estão com a Prevent para as novas empresas, além de esperar pela instalação, validação e início da produção.

Procurado pela reportagem de iG Carros, o Grupo Prevent não retornou às inúmeras tentativas de contato.

Do iG