Salão do Automóvel de São Paulo deste ano é cancelado

O Salão do Automóvel de São Paulo, que aconteceria em novembro deste ano, foi adiado para 2021 “para reduzir custos e termos tempo de avaliar novos formatos”, informou a associação das montadoras, a Anfavea, nesta sexta-feira (6).

A nova data para o próximo ano, no entanto, ainda não foi definida. Segundo Moraes, a decisão do adiamento do maior evento do setor na América Latina foi tomada na última quinta (5), junto com a Reed.

O adiamento acontece depois de uma série de desistências de montadoras, como a líder de vendas, Chevrolet, além de Toyota e Hyundai.

Desde janeiro, quando BMW e Mini afirmaram que não participariam do evento, outras 12 marcas anunciaram atitude semelhante.

A justificativa das principais fabricantes que decidiram não participar do evento neste ano foi apostar em “experiências próprias com clientes”. Nos bastidores, a maioria reclamava do custo-benefício.

O G1 apurou em fevereiro que os custos com estandes variam de cerca de R$ 4 milhões, para as fabricantes menores, até mais de R$ 20 milhões, no caso das líderes de mercado.

Na época, a Reed afirmou que cerca de 15% do que é gasto por uma montadora no salão vão para a organizadora, que é responsável por locar os espaços no pavilhão e fornecer infraestrutura, como energia elétrica.

Do restante, cerca de 45% vão para a montagem do estande – e isso inclui não apenas pisos elevados, grandes painéis de LED, mas também estruturas que o público não costuma ver – como áreas VIP e salas de reunião.

Por fim, os 40% finais ficam com custos de logística, como transporte dos carros, gastos com bufê e funcionários (recepcionistas e modelos).

Vai vender carros?

Na busca de equilibrar custo-benefício, a possibilidade de vender carros no evento, o que era entendido como proibido até então, também “está na mesa”, disse Morais.

“Salão pode vender carro”, disse Leandro Lara, diretor de do portfólio de mobilidade da Reed, ao G1, em fevereiro. “O que tem que ser respeitada é a regulamentação, como ter um concessionário operando a venda. Estamos estudando formas de como isso pode ser feito”, completou.

O molde, nesse caso, é outra feira que acontece em São Paulo: a Fenatran, exposição de veículos comerciais, vista como um evento de negócios por fabricantes e visitantes. Aliás, Moraes destacou que esta feira, também bienal, está mantida para 2021.

O presidente da Anfavea também enfatizou o retorno que um evento como Salão do Automóvel dá à cidade-sede e comentou que em outros países, onde também existe a “crise dos salões” (veja mais ao fim da reportagem), existe interesse dos governos em ajudar na viabilização desses eventos.

Segundo ele, o salão movimenta R$ 320 milhões na economia de São Paulo e gera 30 mil empregos temporários. Geralmente, o evento coincide com o GP Brasil de Fórmula 1.

Como ficam os fãs?

O Salão de SP tem continuado a atrair público – nas últimas edições, o número de visitantes ficou na faixa de 700 mil, o que coloca o salão entre os maiores do mundo nesse quesito. Em 2020, o Salão do Automóvel completaria 60 anos.

“Queremos manter esse público, o fã do carro, que gosta do carro, que quer tirar foto… Não podemos perder isso”, afirmou o presidente da Anfavea.

Moraes afirmou que a Reed estaria considerando realizar um novo evento voltado para automóveis nas datas reservadas para o salão neste ano, mas que não seria nada semelhante. A organizadora não comentou.

Por Luciana de Oliveira, Rafael Miotto e André Paixão, G1 – Foto: Marcelo Brandt/G1