Sabesp divulga órgãos que estão livres de possível rodízio em Cotia

Decisão foi tomada após reportagem revelar que empresa alegou risco de terrorismo e decretou sigilo de 15 anos sobre informações.

A Sabesp recuou e divulgou a lista de locais onde haverá água ininterrupta em caso de rodízio. A decisão foi tomada após reportagem do iG revelar que a empresa, comandada pelo governo Geraldo Alckmin, decretou sigilo de 15 anos sobre dados do abastecimento. A divulgação não revoga a imposição de sigilo.

A reportagem solicitou a lista em 25 março com base na Lei de Acesso à Informação. Em maio, a Sabesp classificou como secreto todo o seu cadastro técnico e operacional, o que justificou a negativa de divulgação da relação de pontos e outras informações do saneamento detidas pela companhia.

A decretação de sigilo livra a Sabesp de prestar esclarecimentos durante 15 anos sobre “procedimentos e projetos técnicos e operacionais” e “informações técnicas e localização de redes de água e esgoto, equipamentos e instalações de sistemas operacionais”, segundo comunicado publicado em 30 de maio no Diário Oficial do Estado.

Nesta quarta-feira (14) a Sabesp divulgou a lista dos locais que ficariam livres de um possível rodízio e em Cotia são apenas três órgãos que estão fora do corte de água, o Hospital Regional de Cotia, Hospital São Francisco e a Delegacia de Cotia.

A lista tem 544 pontos na região metropolitana.

Ministério Público avalia

Além da lista de locais onde haverá água ininterrupta, a imposição de sigilo sobre o cadastro técnico e operacional serviu para a Sabesp se negar a divulgar a relação de pontos que não estão conectados à rede de tratamento de esgoto mesmo onde ela está acessível, como solicitou a reportagem também em março.

O segredo dificulta, ainda, a obtenção de informações sobre os cortes de água que, segundo funcionários, têm ocorrido em São Paulo durante a crise hídrica, apesar das negativas da Sabesp. Esses cortes foram feito por meio do fechamento de registros pelos funcionários, operações conhecidas como manobras.

“Os manobristas não fecham uma rede sem uma ordem de serviço. Se você pegar um bairro em que falta água todo dia e olhar a documentação, vai mostrar que é o contrário do que eles estão divulgando”, diz Rene Vicente dos Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema).

O Ministério Público de São Paulo informou que avaliará a decretação do sigilo por parte da Sabesp.

Do iG