Sabesp ‘corta’ pela metade período de redução de pressão em Cotia e Grande SP

Tempo médio caiu de 15 horas/dia para 8 horas/dia, segundo a companhia. Racionamento foi intensificado por causa da crise hídrica, desde 2014.

A Sabesp diminuiu, em média, sete horas diárias o período de redução de pressão na rede de abastecimento de água na capital paulista e em cidades da Grande São Paulo. A empresa disse que a prática é usual desde a década de 90 para reduzir perdas por vazamentos, mas com a crise hídrica no estado a ação de racionamento oficial foi intensificada.

Até 18 de dezembro do ano passado, 12 dias antes de o Sistema Cantareira sair do volume morto, a redução de pressão durava, em média, 15 horas diárias, normalmente no período da tarde e noite. Com as mudanças, o período médio caiu para 8 horas diárias, no fim da tarde e madrugada.

A Sabesp disponibilizou na internet a relação dos bairros, por cidade, os horários em que haverá redução de pressão. A companhia recomenda que o morador tenha reserva de água adequada ao consumo dos usuários por 24 horas e que verifique se as instalações internas estão ligadas à caixa de água e não diretamente à rede da rua.

A redução de pressão representa 52% do consumo de água registrado na região metropolitana, segundo dados da companhia na primeira quinzena de 2016. Apesar de aliviar o racionamento, a Sabesp disse, em nota, que a prioridade continua sendo a recuperação dos mananciais.

Em Cotia, diversos bairros estão na relação, como a região de Caucaia do Alto e Granja Viana, além do Centro e bairros do entorno, que tem redução diária entre meia noite e 4 da manhã.

Racionamento ‘oficial’
Em janeiro do ano passado, a companhia admitiu, pela primeira vez desde o início da crise, que toda a Grande São Paulo estava com redução de pressão. Após um pedido da Justiça, a empresa divulgou um mapa das áreas afetadas.

Na época, a Sabesp afirmou que a redução ocorria “preponderantemente durante a noite/madrugada, período em que grande maioria da população dorme e as atividades econômicas praticamente inexistem”. Se o imóvel tiver caixa d’água, a redução da pressão na rede não é percebida, disse a Sabesp.

Segundo a Sabesp, a implantação de rodízio é evitada para não prejudicar, principalmente, a população localizada em regiões altas ou em final de rede.

No rodízio, a válvula é totalmente fechada. Por causa da extensão da rede de abastecimento, esses moradores, segundo a companhia, podem permanecer por período muito longo sem abastecimento, já que a água só vai chegar nestes locais depois de encher toda a rede e as caixas de água das áreas mais baixas. No racionamento, a válvula é fechada parcialmente, reduzindo o volume de água nas tubulações e, consequentemente, a pressão na rede.

ANA nega aumento de vazão
A Agência Nacional de Águas (ANA) negou o pedido da Sabesp para aumentar em 78% a retirada limite de água do Sistema Cantareira para a região metropolitana de São Paulo para o mês de janeiro. Em documento enviado na sexta-feira (15) ao Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), a agência discorda do departamento estadual, que foi a favor do aumento no limite de retirada, e propõe aumento menor de captação das represas.

A Sabesp havia proposto, na segunda-feira (11), alterar o local de captação a ser fixado o limite de retirada, mudando da estação elevatória de Santa Inês para o túnel 5, que liga as represas Atibainha e Paiva Castro, e autorizar no novo ponto uma vazão de 19,5 m³/s. A média de captação em janeiro, até o momento, é de 15,65 m³/s, segundo boletim da companhia. Um metro cúbico (m³) de água corresponde a 1 mil litros.

A empresa de abastecimento afirmou que subir a vazão pode melhorar a situação dos consumidores nas “pontas de rede, afetados pela redução de pressão”. Como justificativa, a companhia alegou bons índices de chuva, e obras de combate à crise hídrica já concluídas ou em andamento.

Mas, segundo a análise da ANA, a represa Paiva Castro deve ser considerada como integrante do Cantareira para uma análise “mais realista” da capacidade de atendimento das demandas pelo sistema. Com a proposta da Sabesp, a agência entendeu que o volume retirado em Santa Inês chegaria a 24 m³/s (soma de 19,5 m³/s do túnel 5 mais 4,5 m³/s correspondentes às vazões afluentes da Paiva Castro.

Neste caso, o aumento efetivo nas vazões seria de 78% em relação ao que foi autorizado para janeiro de 2016 e de 60% com relação ao que foi autorizado para dezembro de 2015, já que agência federal e DAEE autorizaram aumento excepcional de retiradas em dezembro de 13,5 m³/s para 15 m³/s, a pedido da companhia, para atender às demandas de consumo de água nas festas de fim de ano na Grande São Paulo.

Em nota, a agência federal fez uma contraproposta para liberar o aumento das vazões previstas para janeiro de 13,5 m³/s na estação elevatória de Santa Inês para 19,5 m³/s, ou seja, já considerando a vazão do reservatório Paiva Castro. Isso significa um aumento efetivo de 44% em relação ao autorizado para janeiro e de 30% com relação a dezembro, segundo a ANA.

O órgão regulador afirmou que, apesar do aumento do índice de chuva no Sistema Cantareira em dezembro e janeiro, o manancial ainda não retornou ao nível normal e defendeu que a operação de reservatório no período de chuva deve priorizar a recuperação das represas e garantir a segurança hídrica da população.

A Sabesp informou, em nota, que fará estudos técnicos para avaliar qual é o efeito da resolução da ANA e do DAEE na retomada da normalidade do abastecimento de água. Segundo a companhia, a água do Sistema Cantareira é essencial para o encurtamento dos períodos de redução de pressão na rede de distribuição.

Do G1