Rodovia dos Imigrantes vai mudar de nome? Entenda a polêmica

Um Projeto de Lei vem causando polêmica na Assembleia Legislativa de São Paulo. A proposta, de autoria do deputado Frederico d’Avila (PSL), visa denominar de Joseph Safra a Rodovia dos Imigrantes, que interliga a Capital e os municípios de Diadema, São Bernardo do Campo, Cubatão, São Vicente e Praia Grande.

De origem judaica, Safra nasceu no Líbano em 1938 e morreu no ano passado. Foi um importante banqueiro, além de ter seu nome relacionado à caridade por conta de doações a grandes hospitais e instituições. E é justamente nessa biografia que d’Avila se apoia para justificar o PL15/2021.

“Joseph Safra era um dos maiores filantropos do mundo, cujas ações não se limitam a um só segmento. Além disso, ele uniu as comunidades libanesas e judaicas. Por ter sido um imigrante é que faz sentido complementar a rodovia com seu nome”, explica o deputado.

O projeto, contudo, encontrou resistência. Ao se deparar com a pauta, a deputada Carla Morando (PSDB) entendeu que a homenagem era válida, porém transformar o nome de uma via que corta seis municípios poderia causar transtornos e gastos elevados.

“O PL fala em SP-160. Como sou de São Bernardo, reconheci que se tratava da Imigrantes. Quando trouxe essa informação à tona, os colegas ficaram surpresos. Se aprovado, o projeto só vai trazer aumento de gasto público. Isso porque todas as placas nos seis municípios terão de passar por mudanças. É uma despesa absurda, sem necessidade”, avalia.

Carla diz não ser contra a homenagem a Safra, porém acredita que há outras formas de fazê-la.

O autor do PL, porém, afirma que o argumento da deputada quanto aos custos não é válido, uma vez que a intenção não é mudar o nome da rodovia por completo, e sim fazer uma complementação, o que não oneraria os cofres como aponta Carla. “Em nenhum momento no meu projeto falo em trocar o nome da Imigrantes, e sim adicionar ‘Joseph Safra’ a ela. Isso já acontece em muitos lugares, como explico em ofício enviado aos colegas da Casa em novembro”, diz d’Avila. “Não será preciso jogar as placas que já existem fora. Elas já estão ali e só terão um nome inserido logo abaixo da indicação ‘Imigrantes’”, completa.

Nesta queda-de-braço, Carla pretende desfazer o que chama de “equívoco”. “Na Assembleia, projetos envolvendo denominações são comuns. Acredito que os coautores desse PL específico não se deram conta de que se tratava da Rodovia dos Imigrantes ao se depararem com o nome SP-160. Vou apresentar parecer contrário e espero que a gente consiga acabar com esse equívoco, que não traz benefício para ninguém.”

O que diz o DER
O Metro procurou o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) para esclarecer se é possível adicionar um complemento a placas que já existem nas cidades, sem a necessidade de trocá-las por completo, como afirma d’Avila. A conclusão é que cada situação deve ser analisada individualmente.

“É possível realizar o complemento da informação em alguns casos. No entanto, a complementação pode dar variação entre a cor a retrorrefletividade da placa com relação à antiga. Então, em algumas situações, é recomendado a substituição da placa por inteiro”, informou.

Demais órgãos
Além do DER, a reportagem procurou saber o que pensam a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo) e a Ecovias, concessionária de administra o SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes) sobre a polêmica.

“A Artesp informa que a sugestão ou alteração de nomes das rodovias estaduais é de competência da Assembleia Legislativa, não sendo de competência do órgão a sugestão desses nomes ou a manifestação sobre eventuais alterações. Vale ressaltar que caso a mudança seja feita, não há estudos que indiquem algum impacto na segurança dos motoristas ao utilizarem a rodovia”, disse a primeira, em nota.

Já a segundo afirmou que não se posiciona sobre projetos de lei ainda em tramitação da Alesp.

Do Metro