Restaurantes e mercados serão prejudicados se vale-alimentação for pago em dinheiro, diz setor

O presidente do conselho da ABBT – Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador, Alaor Aguirre, afirmou ao Estadão/Broadcast que o mercado de vouchers, popularmente conhecidos como vale-refeição e vale-alimentação, pode encolher nos próximos anos se o Congresso aprovar a mudança sugerida pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade) para pagar o benefício em dinheiro vivo ou em depósito em conta for aprovada. Ele também disse que bares, restaurantes e mercados terão queda no faturamento com a mudança porque os trabalhadores vão passar a usar o dinheiro para pagar outras contas.

Estimativas indicam que o mercado de vale-refeição e vale-alimentação movimenta R$ 100 bilhões por ano. A ABBT não divulga esses números.

Paulinho da Força é relator da MP 1108/2022, com alterações no pagamento de vale-refeição e vale-alimentação. Ele propõe que o pagamento do benefício poderá ser feito em dinheiro vivo ou em depósito na conta dos trabalhadores e terá valor único, fixado em convenção coletiva.

“Caso o projeto seja aprovado como prevê o relator e os sindicatos passem a fixar o pagamento do benefício em dinheiro, o mercado de vouchers tende a encolher no Brasil. Essa medida também pode afetar o faturamento de bares, restaurantes e pequenos supermercados”, disse.

Segundo Aguirre, em alguns casos, o faturamento de bares e restaurantes com o vale-refeição chega a 70%. Além disso, pesquisa da ABBT com 3,5 mil pessoas concluiu que 68% dos entrevistados não usariam o valor do benefício para a alimentação se passassem a receber em espécie.

“A pesquisa mostra que se as pessoas recebessem o recurso do vale-refeição em espécie usariam para pagar contas, para cobrir o cheque especial, para comprar recarga de celular e para entretenimento”, disse.

A MP 1108/2022, publicada em março deste ano em edição do Diário Oficial da União, está na pauta de votação do plenário da Câmara. O texto precisa ser votado pelo Congresso até 7 de agosto. Entretanto, o relatório de Paulinho da Força, divulgado à imprensa no início do recesso parlamentar, ainda não consta no sistema da Câmara.

Do Estadão