Psicóloga Adriana Biem: Por que deixamos de fazer o que queremos?

É normal quando deixamos de fazer algo que não queremos, mas já pararam para pensar em quantas vezes deixamos de fazer algo que queremos? Sim, muitas vezes.

Aquela sabotagem, aquele medo de dar certo, aquele temor do que os outros vão pensar, se teremos muitas críticas ou algo do tipo. É quase que certo, que quando nos arriscamos em algo, é necessário se expor, é necessário sair dos bastidores e virar a estrela da vez. Se tornar a pessoa responsável pelos erros e acertos daquilo que se deseja. E isso é difícil, dá frio na barriga e gela a espinha.

Nessa hora o nosso repertório de desculpas é imenso, sem fim. Podemos até convencer o outro com a nossa ladainha, mas nunca a nós mesmos. Na verdade, nos damos por convencidos em certo ponto da nossa discussão interna, mas a conta sempre chega e às vezes chega alta demais. Resta pagar. Pagamos com os anos perdidos em coisas que na verdade nunca nos importaram, pagamos com a culpa de nem ter tentado, pagamos com a falsa ideia de viver naquela suposta zona de conforto, com arrependimentos e lamentações. Pagamos sempre e pagamos alto.

Acredito que existam dois tipos de pessoa: Quem faz e quem assiste, o expectador e o criador, quem está aqui para criar, inovar, fazer acontecer e aquele que quer uma vida mais calma, usufruindo daquilo que já existe e ficando com as informações que chegam a ele. Não há nada de errado com nenhuma das posições, há algo errado em não saber qual é a sua. Quem nasceu para criar, não vai ser feliz somente assistindo. E é aí que mora o perigo, pois nem sempre quem nasceu para criar tem coragem suficiente para mostrar a sua criação e acaba se convencendo de que a vida é assim mesmo, vestindo a carapuça de que algumas coisas só acontecem para os outros e usando o termo sorte como se fosse uma palavra definidora de histórias de vida. A ponta de angústia sempre fica, o incômodo está ali todo o tempo, mas fingimos que não vemos, nos fazemos de morto em plena vida. Quem quer usufruir do que já existe tampouco se sentirá confortável em uma posição de chefia, liderança e alta responsabilidade. Talvez não tenha tanta facilidade em se expor, se mostrar. E tudo bem também, essa é a verdadeira coexistência.

É importante perceber em qual lado estamos, é importante analisarmos a fundo o que vivemos matando dentro de nós e mais importante é saber o porquê matamos algo e o que deixamos sobreviver no lugar, os porquês das escolhas, o porquê de algumas vezes escolhermos não fazer o que tanto almejamos.

Saber onde você se encaixa e o que você quer já é um grande passo, mas não o suficiente para fazer algo acontecer. Não deixe na mão de ninguém o que você quer para sua vida, não deixe de fazer o que acredita, o que te faz sentido. Mesmo que algumas pessoas não consigam entender, a vida é sua e não deles. Quem tem que entender é você!

*Adriana Cardoso BiemPsicóloga Clínica, especialista em Gestalt-Terapia, escreve quinzenalmente no Jornal Cotia Agora. Formada pela Universidade São Marcos, especialista pelo Instituto Sedes Sapientiae. Atende em Alphaville (Barueri/SP) e Granja Viana (Cotia/SP) –CRP 06/80681  – Contatos: [email protected] –  www.facebook.com/adrianabiempsicologa – @adrianabiempsi (Instagram)