Professor Marcão: *“Este o nosso destino: Amor sem Conta”

Marília amou José com todos seus sentimentos. Realizaram o sonho da casa própria. Os filhos vieram. Amor perfeito. Tudo funcionava como um relógio de boa qualidade, impecável! José também a amava com todos seus sentimentos, como Marília o amava. Com o tempo, um desses sentimentos acordou com ciúme. As atitudes, antes carinhosas, agora ásperas. Esqueceram de quando namoravam e faziam juras de amor. Tudo terminou diferente de como começou: notícia trágica em uma página de jornal sensacionalista.

Marília como outras marílias queria encontrar seu príncipe encartado. José também queria encontrar sua princesa. Encontraram-se e foram felizes para sempre. Tem amor que dura para além da vida. Nunca pararam de namorar. Nunca se esqueciam de, pelo menos, uma vez ao dia dizer que se amavam. O casamento foi dos sonhos. Parecia saído dos livros de contos de histórias de príncipes e princesas. Sempre enamorados.

Marília tinha o sonho de um dia se casar. Andava no mundo da lua com essa ideia. Tinha um sonho de encontrar um namorado, antes de se casar. A cartomante dizia confiante que um dia ele apareceria inevitavelmente. O Pastor, nas suas revelações, dizia que seu grande amor viria montado em um cavalo branco. O Padre dizia com convicção que celebraria seu casamento. O tempo passava e nada de aparecer o pretendente. Marília não desistia do seu sonho. Persistia. Nunca se desassossegou. Um dia, desses que nada promete, Marília esbarrou seu carro na esquina de casa em outro carro. Marília realizou seu sonho naquele dia, desceu do carro José, e o olhar decidiu ali que seria amor à primeira vista. E foi! Namoraram e casaram.

Marília e José amaram e namoraram o outro ou outra mesmo que o outro ou a outra não soubessem. Quando encontrava o amor platônico as mãos suavam. O corpo tremia. Parecia que o mundo ia acabar ali. O amado nem ligava, pois não estava envolvido naquela fantasia. Não estava envolvido naquela trama amorosa. Mesmo assim, Marília e José sonhavam com o namorado ou a namorada. Namoravam! Como é bom fazer de conta. Como é bom viver de fantasia. O importante é amar.

Marília e José não passaram um dia do Dia dos Namorado, sequer, sem um enrosco para ganhar um presente. Interesseiros! Apenas um presente. Muitas vezes o namoro acabava antes da meia-noite. Se passasse depois da meia-noite alguém poderia virar abóbora. Espertos. Risadas!

Gente igual a Marília e a José existe em todos os lugares. Como é bom estar namorando, mesmo que seja por um instante.

*Frase do título foi tirada do poema Amar, do Poeta Carlos Drummond de Andrade.