Procura por vacinas cai cerca de 70% e coloca crianças em risco durante pandemia

Desde o início da pandemia, médicos e especialistas alertam para a queda na taxa de vacinação para outras doenças em todo o mundo, o que pode colocar em risco a saúde de milhares de pessoas, principalmente de crianças. Doenças como a hepatite B, poliomielite, tuberculose, entre outras, são evitadas por meio de vacinas recebidas ainda na infância.

A procura por imunizantes já vinha em declínio nos últimos anos, mas a pandemia fez com que essa busca caísse ainda mais. “Nos últimos cinco anos essa queda na imunização vinha se acentuando de ano a ano. Com a pandemia, em 2020, ela foi muito maior. Os dados baixam de 60% a 70% da cobertura vacinal, sendo a maior parte nas vacinas do primeiro ano de vida “, explica o médico infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Segundo Kfouri, além do receio de contaminação pelo coronavírus, a falta de percepção de risco também leva as pessoas a retardar a vacinação. “As pessoas não se sentem mais ameaçadas por essas doenças que foram eliminadas ou controladas. Se elas não se sentem ameaçadas, atrasam a vacinação. Esse é o maior fator, na minha opinião. Se as pessoas estivessem se sentindo muito ameaçadas ou com medo, elas dariam um jeito e as coberturas [de vacinas] não estariam baixas”, acrescenta.

Além do risco pessoal de adiar a vacinação e contrair essas doenças, o infectologista explica que há também o coletivo. “Muitas pessoas adoecendo, a doença voltando a ocorrer com mais frequência na comunidade e o cenário favorável para a reintrodução dessas que já estavam controladas, esses são alguns dos riscos. Tem a questão individual e a de saúde pública também, que essas comorbidades podem voltar e figurar entre as causas principais de mortalidade infantil, hospitalização e todas as consequências delas”.

Do iG