Pílula do dia seguinte equivale a meia cartela de anticoncepcional
A pílula do dia seguinte é um método contraceptivo de emergência. Isso significa que ela só deve ser usada em situações específicas, como por exemplo se a camisinha furar. Ela equivale a meia cartela do anticoncepcional tradicional, mas mesmo assim falha em 15% dos casos.
“Pode ser usada quando tiver falha ou esquecimento de um método [contraceptivo] regular e no caso pós-estupro”, destaca a ginecologista Milena Bastos, membro da Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
“É para uma situação de emergência. Não é para ser usada como método de rotina de jeito nenhum”, enfatiza.
Efeitos colaterais físicos e psicológicos
O alerta se deve ao fato de que uma única pílula equivale a meia cartela do anticoncepcional tradicional, que é usado todo dia. Ou seja: a quantidade de hormônio (progesterona) é muito maior e, por isso, traz diversos efeitos colaterais – físicos e psicológicos.
“O principal é desregular a menstruação, que fica toda bagunçada e o efeito hormonal, como acne, oleosidade da pele e do cabelo. Pode ocorrer dor na mama, náuseas e vômitos, mas não é comum”, cita a especialista.
“Tem também a culpa e medo por tomar a pílula e não saber se engravidou”, completa.
Método falha para três a cada 20 mulheres
O temor não é descabido: em média, a cada 20 mulheres que tomam a pílula, três acabam engravidando, de acordo com a especialista. O método falha porque, ao contrário do anticoncepcional regular, não é capaz de impedir a ovulação.
“A pílula do dia seguinte posterga a ovulação, então em algum momento a mulher vai acabar ovulando”, explica Milena. Ela acrescenta que é necessário esperar até a próxima menstruação para começar a usar um método contraceptivo regular.
O comprimido deve ser ingerido no intervalo máximo de 72 horas (ou três dias) depois da relação sexual.
“Quanto mais tarde tomar, maior a possibilidade de falhar”, ressalta. “Se vomitar em até duas horas após a ingestão, deve tomar de novo”.
A eficácia também diminui se a mulher já tiver ovulado. Nesse caso, os efeitos contra a fecundação serão apenas locais.
“Aumenta o muco da vagina, isso cria uma barreira para dificultar que o espermatozoide entre no útero, atrofia o endométrio, o que dificulta a implantação do óvulo fecundado e altera o movimento das trompas, que são a ponte entre o útero e os ovários”, descreve a médica.
Essa alteração nos movimentos das tubas uterinas gera maior risco de gravidez ectópica – aquela que acontece fora do útero.
“Existe uma maior chance de a gravidez ser nas trompas, mas estudos mostram que se [a gestação] for adiante, não tem nenhum problema para o embrião”, afirma.
Por Brenda Marques, do R7