Países criticam falta de transparência sobre origem do coronavírus

Os Estados Unidos e o Reino Unido criticaram duramente o relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) apresentado ontem sobre o início da pandemia do coronavírus em Wuhan, acusando implicitamente a China de “impedir o acesso a dados e amostras originais completos”. As informações são do jornal The Guardian.

A declaração, também assinada por 12 outros países, incluindo Austrália e Canadá, veio na esteira de uma admissão ontem pelo chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, de que a investigação “não era extensa o suficiente” e os especialistas tiveram dificuldade para acessar informações brutas durante visita de quatro semanas a Wuhan em janeiro.

Tedros também disse que deveria haver um exame contínuo da teoria de que o vírus escapou de um laboratório de virologia do Instituto Wuhan, embora o relatório o considere “extremamente improvável” como fonte da pandemia – uma teoria promovida por membros do governo Donald Trump.

O relatório, há muito aguardado por especialistas, afirma que a pandemia global “provavelmente” veio de animais para humanos.
A declaração dos 14 países, que criticou os atrasos na investigação, apelou ao acesso irrestrito de especialistas independentes logo no início de futuras pandemias e mais uma vez destacou a política altamente controversa de meses de negociação com a China para entrada dos cientistas.

A Casa Branca se pronunciou também separadamente e intimou a OMS a tomar medidas adicionais para determinar as origens da covid-19. “Há um segundo estágio nesse processo que acreditamos que deve ser liderado por especialistas internacionais e independentes”, disse a repórteres a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki.

“Os cientistas deveriam ter acesso irrestrito aos dados. Eles devem ser capazes de fazer perguntas às pessoas que estão no local neste momento, e esse é um passo que a OMS poderia dar”, acrescentou ela.

A China foi repetidamente acusada nas capitais ocidentais de obstruir a investigação das origens da pandemia do coronavírus em Wuhan, incluindo a investigação da OMS.

As intervenções ocorreram depois que o próprio Tedros descreveu os problemas da equipe para obter acesso a todas as informações que buscavam.
“Em minhas discussões com a equipe, eles expressaram as dificuldades que encontraram para acessar os dados brutos”, disse Tedros. “Espero que futuros estudos colaborativos incluam um compartilhamento de dados mais oportuno e abrangente”, disse ele incisivamente, acrescentando que o relatório “avança nosso entendimento de maneiras importantes”.

Os comentários de Tedros vieram quando membros da equipe de investigação admitiram que havia influência política tanto de dentro quanto de fora da China sobre eles, mas disseram que nunca foram pressionados a remover “elementos críticos” do relatório.

Ao concluir que as duas hipóteses menos prováveis para o surgimento do vírus mortal sejam vazamento em laboratório (endossado pelo governo Trump) e sendo introduzido por meio de comida congelada de fora (tese promovida pela China), a equipe prometeu continuar seguindo pistas de ambos os casos no que parece ser um esforço diplomático para manter sob controle Pequim e Washington.

O relatório não chega a quaisquer conclusões firmes, mas classificou uma série de hipóteses, de acordo com as probabilidades. Vazamento de laboratório foi classificado como “extremamente improvável” e a hipótese “mais provável” continuou sendo o contágio de morcegos para humanos por meio de um animal intermediário.

Do Metro