O libanês que virou comerciante em Cotia: Mansour Ghounaim

Matéria publicada originalmente em 19 de junho de 2009 em um especial feito por Beto Kodiak sobre imigrantes que vieram morar em Cotia. Mansour foi um dos destaques, que reprisamos agora, na íntegra, o texto original, mantendo as datas da época…..

Mansour chegou ao Brasil em 1977, com 10 anos, vindo do Líbano.

Veio com o pai tentar uma nova vida, já que seu país na época passava por uma longa guerra que durava anos. O filho caçula de uma família de 3 irmãos, deixou a terra em que nasceu, deixou a mãe e os irmãos.

Chegou ao Brasil sem saber uma palavra de português, e sem conhecer nada do nosso país. Os costumes, a comida e o jeito de ser do brasileiro, com uma cultura bem diferente da sua foi tudo novidade para ele.

No Líbano, o pai era agricultor e sustentava a família com as plantações. Pensou em vir para o Brasil porque tinha um irmão que morava há alguns anos aqui, e isso o incentivou a mudar de país, deixando a guerra para trás.

Montou um comércio no centro da cidade e ali passou cerca de 20 anos.

Mansour conta que assim que chegou, foi matriculado na escola Baptista Cepellos, sem saber o nosso idioma, e sem ter o mínimo de noção do que teria que aprender.

No início a convivência com os colegas de classe foi difícil, todos olhavam para ele como se fosse do outro mundo. E era. Ele veio de um país arrasado pela guerra e com muitas histórias para contar, mas isso ainda demoraria algum tempo.

O fim da infância e a adolescência passou com os outros garotos da cidade, aprendendo o idioma na marra e levando uma vida de muitas brincadeiras, principalmente com sua Caloi Cross. Essa foi uma das paixões de Mansour nessa fase da vida. Ele lembra com saudades da época que se reunia com alguns amigos, como o Titi, Adil, entre outros, para pular rampas e obstáculos com sua bicicleta.

Essa fase das bicicletas passou e ele queria algo mais emocionante e radical e incentivado por alguns amigos que faziam trilhas com moto, acabou comprando a sua e foi fazer trilhas e viagens com amigos.

Ele lembra que Cotia foi uma cidade divertida e ao mesmo tempo pacata nessa fase. Todo mundo conhecia todo mundo, como diz o ditado.

Em 1988, depois de onze anos longe da pátria, voltou para rever a família. Foram dois meses para matar as saudades da mãe, irmãos e da cidade natal. Voltaria para lá mais duas vezes na vida, em 1998 e 2000, para infelizmente, velar o pai.

Durante alguns anos, ajudou o pai na loja, mas quando retornou do Líbano, queria algo mais na vida. Queria segui-la com suas próprias pernas e decidiu abrir uma loja.

O pai continuou com a antiga loja e a alguns metros dali, Mansour abriu uma loja de sapatos que até hoje está no mesmo local, na Rua Senador Feijó, ao lado do Bradesco.

Hoje, aos 42 anos, no coração ainda bate saudades da sua pátria, mas nesse mesmo coração, sente um amor muito grande pelo país e pela cidade que lhe acolheu, há 32 anos.