Museu do Futebol celebra seis anos do Projeto Deficiente Residente

O Museu do Futebol – instituição da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, localizado no Estádio do Pacaembu – comemora os resultados do Projeto Educativo Deficiente Residente, que teve em 2015 sua sexta e última edição.

A cerimônia de encerramento acontece no dia 18 de dezembro, das 9h30 às 12h30. Na ocasião, haverá depoimentos dos residentes e da equipe do museu, falando sobre o programa e a integração da equipe, seguidos de uma visita à exposição de longa duração e também à mostra “Projeto Deficiente Residente”, uma instalação com fotos e objetos das seis edições do Projeto, que estará em exibição de 5 a 30 de dezembro.

Concebido pelo Núcleo de Ação Educativa, o projeto Deficiente Residente é uma experiência pioneira do Museu do Futebol e tem como foco a atuação da equipe na área comportamental, visando transformar e qualificar o atendimento a todos os públicos.  A ideia surgiu a partir da identificação das dificuldades encontradas durante a interação com o público com deficiência: por exemplo, os preconceitos que se evidenciam no trato com o Outro diferente, as dúvidas em relação ao vocabulário, ao comportamento adequado, à adaptação da linguagem, entre outros.

O projeto parte do princípio de que, para ser acessível a todos os públicos, incluindo as pessoas com deficiência, é essencial que o atendimento e recursos criados pelo Museu sejam construídos “com” e não “para” a pessoa com deficiência. A Residência consiste na convivência, planejada e remunerada, de pessoas com deficiência dentro do Museu durante aproximadamente seis meses, com o objetivo de promover a quebra de barreira atitudinal e aprimorar o atendimento e os recursos acessíveis disponíveis ao público. Assim, a interação proporcionada por essa experiência contribui para conhecer novas maneiras de sociabilização, quebrar paradigmas, transformar o olhar, a atitude e a mentalidade de todos os envolvidos. O projeto foi premiado duas vezes, em 2012, com o Prêmio Darcy Ribeiro do IBRAM e em 2014, com o 3º. Lugar no prêmio IBERMUSEUS, o único museu brasileiro na categoria

De 2010 a 2015 o Projeto Educativo Deficiente Residente dedicou cada ano para um tipo específico de deficiência, sendo: 2010, deficiência visual; 2011, deficiência intelectual; 2012 deficiência auditiva; 2013 deficiência física; 2014, transtornos mentais. Em 2015, foram retomados todos os temas trabalhados nos anos anteriores.  Durante os últimos cinco anos, o museu recebeu residentes com cada uma destas deficiências físicas, que atuaram junto com a equipe do educativo no atendimento ao público. Foram eles:

-José Vicente de Paula, cego, coordenador e idealizador do grupo Amigos pra Valer, grupo de encontro das pessoas com deficiência visual, que tem como objetivo trazê-las para o convívio social, por meio de passeios culturais e lazer, sempre com a interação entre pessoas com e sem deficiência.

-Paulo Pitombo, baixa visão, graduado em Licenciatura em Educação Artística, Especialização em Arte-Educação e Mestrado em Artes Visuais.

-Mario Paulo Bovino Greggio, síndrome de Asperger, com atuação profissional na ONG Mais Diferenças e frequentador do Nossa Turma, grupo de pessoas adultas com deficiência intelectual, que valorizam a amizade, o respeito ao próximo e o companheirismo, utilizando atividades de lazer como meio.

-André Amêndola Pinheiro, Autista, trabalha na USP no Núcleo de Estudos da Violência, e frequenta o Nossa Turma, grupo de pessoas adultas com deficiência intelectual, que valorizam a amizade, o respeito ao próximo e o companheirismo, utilizando atividades de lazer como meio.

-Edvaldo Carmo dos Santos, surdo, desenvolve trabalho de educação em LIBRAS em museus como MAM e Museu Afro Brasil.

-Luana Milani, surda, com experiência em educação para surdos, aula de Libras para ouvintes e integrante dos projetos de formação Aprender para Ensinar e Corposinalizante.

-Fernanda Bucci Magalhaes, Paralisia Cerebral, foi repórter da Rede Saci, projeto da USP que atua como facilitador da comunicação e veiculação de informações para a inclusão social e digital e voluntária em Associação atuante na parte de conscientização sobre as dificuldades da pessoa com paralisia cerebral.

-Rafael Rentchel, Lesão Medular, formado em administração de empresas com experiência profissional na área de Recursos Humanos.

-Luis Felipe de Lima Macedo, profissional autônomo na área técnica de computação e frequentador das atividades e oficinas do CECCO BACURI, Centro municipal de Convivência e Cooperativa que visa a promoção, prevenção, manutenção e recuperação da saúde global das pessoas.

A história do projeto e os recursos que o Museu pode hoje oferecer ao público graças a esse trabalho poderão ser conhecidos por todos no período de 05 a 30 de dezembro de 2015. Na Sala Grande Área, o público terá acesso a fotos, objetos e vídeos.

O Museu do Futebol foi o primeiro museu da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo planejado para ser acessível. Desde sua concepção, todas as salas e seu conteúdo foram pensados para atender diferentes perfis de públicos: brasileiros e estrangeiros; de diversas classes sociais; pessoas com deficiência física, intelectual e mobilidade reduzida; crianças, jovens, adultos e idosos

O Projeto Deficiente Residente integra o PAMF – Programa de Acessibilidade do Museu do Futebol, que reúne uma série de recursos com o objetivo de facilitar e potencializar o acesso ao Museu, entendido de maneira ampla, isto é, dirigido a todos os públicos e não somente às pessoas com deficiência. Na sua estrutura física, o Museu conta com elevadores para cadeirantes e pessoas com dificuldade de locomoção; piso podotátil para cegos e pessoas com baixa visão em todo o percurso da exposição de longa duração, banheiros para cadeirantes em todos os andares, entre outros. As pessoas cegas ou com baixa visão podem realizar uma visita autônoma pela exposição com o uso de um áudio-guia exclusivo, além de ter legendas em Braile em todas as salas. Pelo espaço, há maquetes táteis e o Núcleo de Ação Educativa desenvolve jogos e outros recursos pedagógicos adaptados a diferentes perfis de público. Em 2012 foi publicado o Catálogo de Acessibilidade do PAMF, um livro acessível a todos, com textos em tinta, Braille e audiodescrição, que apresenta os conteúdos da exposição de longa duração do Museu do Futebol.