Mudança no vale-transporte em SP vai complicar vida de usuários

Número de baldeações permitidas vai cair de 4 para 2

Desde sexta-feira (1°), os usuários do vale-transporte de São Paulo (valor pago por empregadores a seus funcionários) terão três horas para fazer até dois embarques nos ônibus municipais da SPTrans, pagando tarifa única de R$ 4,30.

Antes, o vale-transporte permitia que o passageiro embarcasse em até quatro ônibus no período de duas horas.

A Prefeitura de São Paulo diz que, com isso, vai repassar a diferença para as empresas, ou seja, o empresário terá de aumentar o valor destinado ao vale-transporte para o trabalhador. Segundo a SPTrans, 120 mil usuários do vale-transporte serão afetados. O número corresponde aos beneficiários que precisam fazer mais de duas viagens.

Para o economista Marcel Solimeo, da Associação Comercial de São Paulo, o subsídio que a Prefeitura dá para o vale-transporte não é para a empresa, mas para o trabalhador. “É para o trabalhador que mora longe e é ele que vai ser o maior prejudicado com essa alteração.”

Solimeo diz que “em um primeiro momento pode não gerar mais desemprego, mas vai reduzir a oferta de emprego e sempre que houver uma possibilidade de uma substituição por aquele trabalhador que vai custar menos, isso vai ocorrer”.

O prefeito Bruno Covas diz que a mudança é uma questão de “justiça social” e que o vale-transporte “é uma obrigação da empresa”.

“O dinheiro público precisa ir para as isenções que a Prefeitura entende como necessárias, que é a questão do idoso, do estudante, não tem sentido a gente usar recurso público, recurso da Prefeitura, pra pagar uma obrigação das empresas”, diz Covas.

“O empresário que não pagar a parte dele está fraudando a legislação federal. Ele tem a obrigação de pagar isso. É uma obrigação ainda em lei. Não é querer ou não querer pagar. Ele é obrigado a pagar e essa conta eles estavam passando para a Prefeitura.”

O comerciante Lauro Pimenta diz que com a mudança, vai dar prioridade aos empregados que moram perto do trabalho e não precisam pegar mais do que duas conduções.

“Isso vai acaba penalizando a pessoa que mora mais longe. Eu vou dar preferência para a pessoa que mora mais perto e que se encaixa dentro do modelo que vai ficar a integração.”

Outras mudanças

O decreto do prefeito publicado no sábado (23) prevê ainda outras mudanças no sistema de Bilhete Único que vão entrar em vigor em 90 dias.

-Créditos terão prazo de utilização de até 5 anos para cotas adquiridas até a publicação deste edital e de 1 ano após
-Cartão do Bilhete Único terá validade de 5 anos
-Possibilidade de emissão de bilhetes virtuais ou em mídias que não sejam o atual cartão de plástico
-Bilhete Único poderá ser usado em modais não motorizados ou mesmo no transporte individual

Valores das tarifas desde 7 de janeiro:

-Tarifa básica: de R$ 4 para R$ 4,30;
-Tarifa integrada (ônibus + Metrô ou CPTM): de R$ 6,96 para R$ 7,21 até 12 de janeiro; depois, com o reajuste dos trilhos, vai para R$ 7,48.
-Bilhete Diário: de R$ 15,30 passa para R$ 16,40;
-Bilhete Mensal somente ônibus: de R$ 194,30 para R$ 208,90

Por Walace Lara – G1