Luiz Carlos de Oliveira estreia poesia no Cotia Agora

Se a poesia estivesse fadada a morrer, como tudo que nasce, a vida certamente seria como um corpo sem alma, um leito de rio sem água…

Mas não está, porque sua existência arraiga-se à emoção, sentimento este que é próprio do ser humano e incompatível com a máquina.

Isto é, por mais que a automação evolua e ganhe espaço no progresso e na ciência, ela continuará inatingível, como uma voz que não se submete, uma força que não se vence.

Por isso a poesia tem seu próprio mundo, cujos olhos veem sempre um pouco mais além e com mais profundidade.

Eis um exemplo:

Incauto o olhar
que vê na flor
só beleza.

Com certeza não atenta para a cor
que desnuda o esplendor
da natureza…

Sua alma, quiçá dispersa,
desconversa sobre o sentir.
No existir, que transcende à consciência,
há que se captar a essência,
não a aparência que evoca frívola impressão.

Pois a flor, mais do que bonita,
suscita um quê de superior
que só se explicita ao coração…

Dessa forma, escrever poesia é imiscuir-se no âmago da realidade, não apenas no que lhe é superficial, corriqueiro.
Assim, compreender a flor, não é tão só achá-la linda, mas deixar-se embevecer por uma beleza que não se decifra, que é simples e, a um tempo, deslumbrante, porque diz muito mais do que aparenta.
Eis a finalidade da poesia!

*Luiz Carlos de Oliveira é advogado em Cotia e também poeta, escreve mensalmente no Cotia Agora.