Luiz Carlos de Oliveira e a última poesia de 2015

Falar de poesia é imiscuir-se na imaginação; é sonhar…
A realidade é inóspita, pedregosa, díspar do sonho.
Nosso mundo interior, por consequência, vivencia a fuga de seus ideais, como folhas ao vento…
E a vida, que segue seu curso, não se detém diante de tropeços ou desilusões, mas sim, aponta para novos horizontes
acenando, de um prisma, com as promessas da aurora: luz, ascensão, amor, felicidade… e de outro, parece contrapor-se
a si mesma, ao desnudar-se em dor, vazio, desolamento…
Mas, a poesia não perece nunca e nos transporta às benesses da esperança, esta força motriz que não nos deixa esmorecer, retroceder;
este farol que nos guia para o porvir, como a dizer: “é por aqui…”.
E, assim, mesmo sem a plena compreensão, seguimos avante!
Por isso, não se deve viver aleatoriamente, sem que dentro de si haja algo de relevante, de sublime, que se possa chamar de razão de existir.
O tempo pode ser nosso aliado, ou adversário: depende de nós…
Então, como não podemos entender o que nos reserva o além, que nos apeguemos a esse poder, a esse tronco, que se denomina fé.
Deixo aqui, a poesia do mês:

A FÉ

Se a verdade é relativa,
O que é absoluto,
Além da mente criativa
E do sonho resoluto?

A própria vida desperta
Um mundo de variedade:
Onde fica a estrada certa
Que leva à felicidade?

Quem sou eu neste caminho?
Quem és tu nessa empreitada?
Seguimos num torvelinho
Que parece tudo e nada.

Se hoje se tem certeza,
Amanhã não se tem mais.
Em que chão da natureza
Se eterniza a nossa paz?

Algo então se descortina
Entre o firmamento e o mar:
Só a fé é cristalina
Como a luz diante do olhar.

Pois quem na alma a pressente
E vive a sua verdade,
Vive, verdadeiramente,
Essa tal felicidade!

Até a próxima.

*Luiz Carlos de Oliveira é advogado em Cotia e também poeta, autor do livro “Um pouco de mim, de ti, de nós…”, escreve mensalmente no Cotia Agora.