Luiz Carlos de Oliveira e a poesia do mês

A poesia, como tudo na vida, passa por mutações. Mas só em sua roupagem, porque o conteúdo, que se arraiga na emoção do poeta, é próprio de cada um e, portanto, não se amolda às regras e hermetismo dos intelectos.

Assim, outrora, os versos eclodiam no traje de rimas e métricas, principalmente os sonetos com, obrigatoriamente, dois quartetos e dois tercetos.

Hoje é trivial escrever-se versos livres e brancos, ou seja, sem métrica nem rima, quando o escritor deixa as asas da imaginação ruflarem livremente, como um pássaro…

Todavia, só os versos metrificados e rimados nos proporcionam ritmo, cadência, ressonância, conexões…

Assim na música clássica, onde Mozart primava seguir pelo rigorismo das regras sinfônicas e Beethoven menos.

Quanto a mim, perfilho ambos os caminhos: o das regras e o dos conteúdos.

Deixo, aqui, dois poemas, o primeiro com métricas em redondilha maior e rimas, em homenagem à mulher que ousa amar um poeta, e o segundo, em versos brancos e livres, de conteúdo franco e direto, para quem, ao invés de cuidar da própria vida e buscar o progresso pessoal, atem-se a bisbilhotar a vida alheia:

1. Bem aqui, onde chegamos,

É fácil saber porque:

Fiquei querendo você,

Mas sem encontrar resposta

E o poeta, quando gosta,

Vai além do que imagina…

Por isso, doce menina,

Fiquemos onde paramos!

2. Ser como você é?

Mas…

Seria você, não eu.

O valor da vida

Mora exatamente aí,

Na diferença…

Pois,

Com a assimilação

De erros e acertos,

Aumenta-se a probabilidade

De acertar!

Abraços. Até a próxima.

*Luiz Carlos de Oliveira é advogado em Cotia e também poeta, autor do livro “Um pouco de mim, de ti, de nós…”, escreve mensalmente no Cotia Agora.