Lei que proíbe canudinhos de plástico em Cotia não tem orientação e fiscalização

Cotia foi uma das primeiras cidades do Brasil a proibir o uso de canudinhos plásticos em bares e similares, o que abriu brecha para outros municípios também criarem suas leis, com o intuito de preservar o meio ambiente.

Uma lei de junho de 2018, de autoria do vereador Paulinho Lenha proíbe o canudinho plástico e obriga os estabelecimentos a forneceram aos seus clientes somente canudos de papel biodegradável e/ou reciclável.

A lei passou a valer oficialmente em 1º de janeiro deste ano, mas, a reportagem do Jornal Cotia Agora visitou alguns estabelecimentos e viu que muitos ainda usam o canudo de plástico e que a maioria dos comerciantes nem sabia da nova obrigatoriedade.

Em 15 locais visitados, apenas seis donos sabiam da nova lei e, mesmo assim, reclamaram que nunca passou alguém da Prefeitura para orientá-los sobre o assunto. Desses seis comerciantes, três disseram que souberam através de matéria publicada no Jornal Cotia Agora. Em um quiosque, a atendente disse que eles nem tem mais canudos, pois os biodegradáveis são mais caros que os tradicionais de plástico e por causa disso, não compraram mais e os clientes tem que usar copo descartável ou tomar a bebida direto na lata, vidro ou plástico.

Um dos comerciantes oferece o canudo ecológico, mas disse que compra pouco e só se o cliente pedir, ele disponibiliza, dizendo que nem deixa mais no balcão. Ele também reclamou do valor cobrado e da qualidade dos canudos biodegradáveis: “Eles praticamente derretem. Não sei se foi a marca que comprei, mas não gostei e meus clientes também não“, disse.

Os outros nove comércios ainda oferecem canudos de plástico e desconhecem a lei. Os comerciantes disseram também que ninguém da Prefeitura apareceu para falar sobre a lei ou notificá-los.

Acho que tudo que for pra acabar com poluição, preservar a Natureza é válido, mas canudinho é algo pouco usado, não é todo mundo e toda bebida que se usa canudo. Acho que os políticos tem que se preocupar com as garrafas pet, que são jogadas em todo canto e poluem mais e também oferecer coleta seletiva pra cidade inteira, daí sim vamos conversar. De minha parte vou continuar usando canudo plástico até que alguém venha aqui e me fale na cara que é proibido“, comentou em tom irritado um dono de bar na periferia da cidade.

A Lei 2021/2018 diz que no descumprimento o comerciante pagará multa de 120 Ufesp’s – Unidades Fiscais do Estado de São Paulo, que hoje é equivalente a R$ 3.183,60. Na reincidência o valor dobra.

Entramos em contato com a Prefeitura de Cotia para saber sobre a fiscalização, mas não obtivemos resposta.