Grande SP produz 27 mil toneladas de lixo por dia. Só em Cotia são 344 tons.

Lixo de 39 municípios são encaminhados para 13 aterros sanitários. Moradores vizinhos de aterros sofrem com as más condições.

Mais de 27 mil toneladas de lixo são produzidas por dia na Região Metropolitana de São Paulo, de acordo com levantamento realizado pelo Bom Dia São Paulo com os 39 municípios. Os resíduos são encaminhados para 13 aterros sanitários, dois deles fora da Grande São Paulo.

A capital paulista é a cidade que mais produz resíduos, cerca de 20 mil toneladas todos os dias, sendo 12 mil de coleta domiciliar e 8 mil de varrição. O lixo da cidade vai para dois aterros sanitários, um na Zona Leste e outro na Zona Sul.

Cotia produz 344 toneladas por dia, que são destinados a um aterro em Santana de Parnaíba (Veja abaixo).

Para carregar todo o lixo da região são necessárias pelo menos 2.282 viagens de caminhões trucados todos os dias. Em São Paulo, o transporte mais utilizado para carregar o lixo é o caminhão trucado de três eixos. Ele consegue levar até 12 toneladas de detritos por viagem.

A segunda maior cidade do estado ficou em segundo lugar no ranking das cidades que mais produzem lixo. Guarulhos gera diariamente mais de 1 mil toneladas. No final do ano passado, a cidade decretou estado de emergência por causa do deslocamento de parte do aterro sanitário Quitaúna, no bairro Cabuçu. A prefeitura informou que o lixo da cidade agora é depositado em um aterro particular no mesmo bairro.

Hoje, o único aterro considerado inadequado na Região Metropolitana pela Cetesb – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo é o de Embu das Artes. Entre os principais problemas está a falta de terra suficiente para cobertura, acúmulo de lixo descoberto e a presença de animais que podem transmitir doenças.

Caieiras: o maior destino

Caieiras tem população estimada em 100 mil habitantes, segundo o último censo do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e recebe o lixo da própria cidade e de outros dez municípios. São eles: Cajamar, Mairiporã, São Lourenço da Serra, Embu-Guaçu, Francisco Morato, Franco da Rocha, Itapecerica da Serra, Juquitiba, Taboão da Serra e Vargem Grande Paulista.

A cidade produz 89 toneladas de resíduos por dia, mas acumula mais de 1 mil toneladas, a mesma quantidade produzida somente por Guarulhos. A coleta dos resíduos urbanos de Caieiras é realizada pela empresa Essencis. Em 2018 foram coletadas 32.454 toneladas, aproximadamente 890 gramas por habitante.

Osasco e Embu: multas e advertências

Dos 640 municípios que dispõem resíduos em aterros paulistas, 95,6% estão em situação adequada, segundo a companhia. O restante é acompanhado por ações de controle e fiscalização. No entanto, o aterro de Osasco, por exemplo, já foi interditado duas vezes e os moradores vizinhos ao local reclamam muito das más condições.

Os aterros de Osasco e Embu das Artes somam mais de 30 advertências e multas, mas são os próprios municípios os responsáveis pela destinação correta dos resíduos sólidos. A Cetesb informou que oferece apoio técnico e fiscaliza os locais onde o lixo é depositado.

As interdições em Osasco aconteceram em abril e em agosto de 2017. Segundo a companhia, o aterro operava acima de sua capacidade e estava irregular, pois misturava lixo orgânico com o lixo da construção civil, o que causa instabilidade no terreno.

Desde 1993, a Cetesb aplicou 12 advertências e 16 multas aos responsáveis. Em 2018, houve uma audiência de conciliação na 2ª Vara da Fazenda Pública de Osasco e foi assinado um termo que concedeu a reabertura mediante atendimento das exigências estabelecidas.

A Prefeitura da cidade informou em nota que o aterro está regular e deve ser desativado em até seis meses. Disse também que ele será substituído por um outro aterro na mesma região, no bairro Açucará.

Na cidade de Embu das Artes, local com o único aterro classificado como inadequado pela Cetesb, a prefeitura disse que vem realizando adequações como instalação de sistema de impermeabilização, drenagem e coleta de chorume, sistemas de exaustão e queima de gases, e monitoramento de águas subterrâneas.

Desde 2014, a Prefeitura de Embu das Artes recebeu uma advertência e duas multas da Cetesb. Em nota, a prefeitura informou que a implantação de um novo aterro está em estudo e que isso deve ocorrer em três anos.

Aterros sanitários

Uma resolução de 11 de novembro de 2008 estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de um aterro sanitário. Esses critérios também são definidos pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Os aterros se tornaram obrigatórios em 2014, quando os lixões foram proibidos por uma lei federal aprovada em 2010.

Para receber a licença ambiental, o empreendimento precisa seguir as seguintes orientações:

-Os resíduos devem ser cobertos regularmente com terra para evitar odor e proliferação de insetos;
-A base do aterro sanitário deve ser constituída por um sistema de drenagem de chorume acima de uma camada impermeável de polietileno de alta densidade, sobre uma camada de solo compactado para evitar o vazamento de material líquido para o solo, evitando assim a contaminação de lençóis freáticos;
-O chorume deve ser tratado e reinserido ao aterro;
-O interior deve possuir um sistema de drenagem de gases, que podem ser queimados na atmosfera ou aproveitados para geração de energia
-A cobertura deve ser constituída por um sistema de drenagem de águas pluviais, que não permita a infiltração de águas de chuva para o interior do aterro;
-Deve também possuir um sistema de monitoramento ambiental, pátio de estocagem de materiais, muro ou cerca limítrofe;
-Respeitar critérios de distância mínima de um aterro sanitário, um curso de água e uma região populosa.

Por Anne Barbosa, Bom Dia SP