Faturamento das micro e pequenas empresas cai 11,9% no primeiro semestre

A queda foi mais acentuada do que a registrada nos seis meses iniciais de 2009, quando a economia sofria o impacto da crise financeira internacional

As micros e pequenas empresas (MPEs) do Estado de São Paulo amargaram um primeiro semestre de fortes perdas. O faturamento real (já descontada a inflação) registrou queda de 11,9% na comparação com igual período de 2014. O resultado foi pior do que o registrado no acumulado de janeiro a junho de 2009 (-10%) quando a economia sofria as consequências da crise financeira internacional.

No primeiro semestre, a receita total das MPEs paulistas foi de R$ 275,9 bilhões, o que significa R$ 37,3 bilhões a menos do que nos seis meses iniciais de 2014.A queda atingiu todos os setores no semestre: os serviços viram seu faturamento recuar 13%; no comércio, a diminuição foi de 12,2%; e na indústria, a queda na receita ficou em 8,6%. As informações constam na mais recente pesquisa Indicadores Sebrae-SP.

Todas as regiões do Estado registraram queda na receita. O município de São Paulo apresentou redução de 15,1% no faturamento do primeiro semestre ante o mesmo período de 2014. O interior registrou recuo de 12,6% na receita. Observaram-se ainda quedas de 11,3% no faturamento da Região Metropolitana de São Paulo e de 11% no Grande ABC. No confronto de junho de 2015 com igual mês do ano passado, os resultados também foram desanimadores para as MPEs paulistas, que viram o faturamento cair 9,2%.

A explicação para o desempenho negativo generalizado está na queda do consumo, decorrente da piora na confiança e da perda de poder de compra, tanto das famílias quanto das próprias empresas, que consomem de outras. A atual situação da economia, com inflação alta e aumento do desemprego, compõe o quadro.

“Com menor margem de manobra para suportar a crise, o impacto no caixa dos pequenos negócios acaba sendo muito mais forte. Isso é preocupante, uma vez que são essas empresas que geram emprego e renda, são importante fator de equilíbrio da nossa economia”, afirma o presidente do Sebrae-SP, Paulo Skaf. “Definitivamente, estamos vivendo um dos períodos mais turbulentos dos últimos anos. O momento não é de correr riscos.”, diz.

“O fato de a pesquisa do Sebrae-SP detectar uma queda maior no faturamento das micro e pequenas empresas na comparação com a época da crise internacional, em 2009, mostra como é grave a situação econômica atual”, diz o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano. “Infelizmente, não há perspectiva de recuperação da economia em 2015; será um ano em que as micro e pequenas empresas terão de trabalhar muito, apenas para contornar a crise”, conclui Caetano.

Rendimento e empregos

No acumulado do ano, houve aumento de 1,3% no total de pessoal ocupado (sócios-proprietários, familiares, empregados e terceirizados) em relação ao primeiro semestre de 2014. Em igual período, a folha de salários paga pelas MPEs apresentou queda de 1,4%, já descontada a inflação e o rendimento real dos empregados das MPEs ficou 1,6% menor.

Expectativas

A pesquisa do Sebrae-SP revela também que, em julho, a maioria dos donos de MPEs (57%) disse acreditar em estabilidade no faturamento de sua empresa para os seis meses seguintes. Em julho de 2014, 59% apostavam nessa possibilidade. Os que esperam melhora são 20% ante 26% de um ano antes. Já os que preveem piora passaram de 6% em julho de 2014 para 16% em julho deste ano.

Sobre o futuro da economia, em julho o pessimismo é alto: 44% dos proprietários de MPEs disseram esperar piora para os próximos seis meses. No mesmo mês do ano passado, essa era a expectativa de 22%. Há um ano, 52% falavam em estabilidade e agora 39% consideram a possibilidade. A melhora é aguardada por 12% sobre 19% de um ano atrás.

A pesquisa

A pesquisa Indicadores Sebrae-SP é realizada mensalmente, com apoio da Fundação Seade. São entrevistados 2.700 proprietários de MPEs do Estado de São Paulo por mês. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.