ESTREIA – Marcus Nakagawa: Empreendedorismo é a solução?

Ano novo, vida nova. Depois do Carnaval começamos as atividades no Brasil. E lá se vão dois, quase três meses de trabalho. Ano difícil com mudanças políticas, econômicas e instabilidade emocional à flor da pele. Em dois meses escutamos tantas notícias ruins que ficamos até com menos gás para iniciar o ano.

Já estamos pensando, neste momento, nas metas que colocamos quando pulamos aquelas conturbadas ondinhas, com pessoas em todo lado ou na hora do estouro do champanhe do ano passado.

Pois é, uma das ações que você colocou na sua lista foi que vai ser mais feliz, certo? Todo ano colocamos esta meta, né? E quando falamos de felicidade, um dos nossos problemas sempre está relacionado ao nosso emprego! É o chefe que não se suporta, o salário que é baixo demais para o quanto você trabalha, ou pior, para o quanto você mereço. Tem também aquele colega que quer passar a perna em você, além da pressão pelas metas serem batidas. Com tudo isso, realmente, o ambiente da empresa se torna insuportável. Enfim, tudo de ruim.

E naqueles momentos em que você abre o seu Facebook, ou um site de notícias, sempre tem aquelas histórias de empreendedores que estão ficando ricos ou aquela franquia te chamando para abrir o seu negócio próprio.

Segundo dados do Sebrae de 2014, 69% dos empreendedores abrem suas empresas por oportunidade e o restante por necessidade, falta de renda ou algo deste gênero. Ou seja é um ótimo momento para empreender, certo?

Depende, muita calma nesta hora.

Vemos muitos materiais ditando cinco passos para abrir o seu negócio, oito metas para lucrar com o seu empreendimento ou ainda dicas para investir na melhor franquia. E com isso você se empolga, pede demissão e vai ter aquela vida “livre” como sempre sonhou.

Então, não é bem assim… E falo não só como acadêmico e sim com a experiência de empreendedor e de consultor de vários empreendedores. O sonho dourado do empreendedorismo é muito bem trabalhado na mídia, pois este talvez seja um dos motores do futuro. Mas não são todos os perfis, competências e conhecimentos que fazem com que você esteja no momento certo para isso.

Atenção! As principais causas de mortalidade das empresas, segundo esta mesma pesquisa do Sebrae, são: um planejamento bem elaborado, uma gestão empresarial e, muitas vezes, o comportamento do empreendedor. E neste último, infelizmente não aprendemos na escola. As outras até existem cursos e afins, mas como nos preparamos para ser empreendedor é fundamental! Não prescrever cinco passos para isso, ou sete metas para aquilo, mas algumas questões para você responder antes de partir para sua vida “livre”:

–       Você sabe aonde quer chegar? Que estilo de vida você quer para você?

–       Você conhece bem o mercado, o cliente e o que você fará como empreendedor?

–       Conhece alguém ou alguma empresa para te orientar nestes processos?

–       Está disposto a abdicar de outras ações e atividades para isso?

E, por fim, na última pergunta que deixo, um pensamento e um questão filosófica para este primeiro artigo:

O que é a felicidade para você? Será que isso te deixará feliz? Empreendedorismo é a solução?

Reflexão para a ação é isso que precisamos aprender mais…

*Marcus Nakagawa é sócio-diretor da iSetor; professor da ESPM; idealizador e presidente do conselho deliberativo da Abraps (Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade); e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida. www.marcusnakagawa.com