Espiritismo com Lucio Cândido Rosa: “Deus”

Caro Leitor!
Vamos iniciar este artigo como alguns questionamentos.
Pensem bem antes de responder.
– Você ama a Deus?
Muitas vezes respondemos rapidamente que sim.
Sem entender a profundidade da pergunta.
– Você conhece a Deus pessoalmente?
Naturalmente você irá responder que não. Nunca O vi.
– Nós amamos as pessoas que não conhecemos?
Automaticamente responderemos que não.
Senão O conhecemos nem O vimos como podemos ter a certeza que O amamos?
A mãe ama seu filho, desde sua geração no seu ventre. Ela sente seu bebê.

O pai, pode dizer que o ama, mas o amor realmente aflora, quando recebe o seu filho nos braços e o vê chorar.
Quando você encontra uma pessoa na rua pela primeira vez, simpatiza-se ou não, sem saber o porquê estes sentimentos estão aflorando, mas não o ama nem a odeia (naturalmente porque não faz parte de sua convivência).
Então, quando questionamos sobre o amor a Deus, nossa resposta é automaticamente: – Sim!
Pela nossa cultura, a sociedade praticamente nos impõe a ideia do amor a Deus.
Sempre respondemos que sim. Por que senão, o que os outros poderão pensar ou dizer de nós?
– Nossa, você não ama a Deus ou não sabe se O ama?
Poderão até perguntar: – Você é ateu? Não acredita em Deus!? Então vai para o fogo do inferno…

Ainda somos muito materialistas para compreendermos a Sua Natureza. Pois, só acreditamos no que vemos ou pegamos.
Nessa condição de materialistas, acreditamos que Deus é um velhinho de barbas brancas, sentado eternamente em seu “Trono de Glorias”.
– E, não sendo assim, então Ele não existe. Não acreditamos mais em Deus.
Na gênese mosaica, o primeiro livro da Bíblia, tomamos o conhecimento de que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus.

Materialistas que somos, já pensaremos que Deus é o Ser mais velho que existe no Universo, que é bem velhinho e, cansado após criar tudo o que existe, fica sentadinho em seu “Trono Divino”, descansando.
Ele se assemelhará à ideia que temos do “Papai Noel”.
Também poderemos pensar que Ele é rancoroso, vingativo quando nos manda alguns castigos como foram as sete pragas do Egito, e em outras passagens bélicas da Bíblia.
Com isso tudo, concluiremos que Deus é semelhante a nós, carregando também todos os nossos vícios e defeitos.
Mas não é assim meus caros leitores!

Nós invertemos tudo!
“Deus” não é a nossa imagem e semelhança. Nós é que somos feitos à imagem e semelhança Dele.
Isso posto, qual é a nossa imagem e semelhança de Deus?
– Deus é espírito se assim podemos compreender, então somos semelhantes a Ele em espírito, que não tem nada a ver com o nosso “corpo físico”. “Tu és pó e em pó hás de tornar”, como dizem alguns conceitos religiosos.
O Espírito é uma centelha divina.
E a nossa semelhança com o Criador?
E a nossa semelhança com Deus, é uma referência as suas virtudes.
Frequentemente dizemos que há sementinhas de virtudes dentro de nós e, que cabe a cada um de nós regá-las fazê-las crescer e florescer e ainda: dar bons frutos!

– O amor, o perdão, a compaixão, a benevolência, a bondade, a misericórdia, a tolerância, enfim, uma gama de atributos bons, que fazem de nós “homens de bem”. São sementinhas a serem cuidadas com carinho e atenção.
Disse Jesus: “Vos sois deuses”, por causa dessas pequenas sementinhas, que compete a cada um de nós fazê-las crescer, dia após dia, com muito cuidado, dentre de nossos corações.
Pensemos em tudo isso e deixemos de lado o materialismo que nos cega.
Há uma vasta literatura que se refere à existência de Deus.
Quem leu ou assistiu no cinema, o filme “A Cabana”, poderá fazer uma séria reflexão sobre a existência de Dele!
– Ele poderia ser uma mulher com todos os seus atributos físicos? E outros questionamentos?
A mulher sempre foi colocada em posição de inferioridade ao homem, então não poderia figurar como Deus!
Assisti a um filme na década de 70 (senão me engano) que, em certo momento aparecem frades franciscanos, ajoelhados, em uma igreja, ao som de “canto chão” e, para minha surpresa quando um deles abre “o sacrário” em vez do cálice de hóstias, aparece uma bomba atômica!
Eles cultuavam uma Bomba!!!
Senti um calafrio invadir o meu corpo e uma sensação estranha.
Comecei a pensar em Deus de maneira diferente! Do que era Deus para mim até aquele momento. Deus para mim era um Papai Noel!
Aquela bomba representava todo poder de salvação, o último recurso para situação de guerra e extermínio da trama.
Se necessário acionariam a bomba e tudo se resolveria!
“Era o Deus que resolveria todos os problemas para eles, quando não houvesse outra solução!
Infelizmente somos assim. À vista de um problema, queremos resolvê-lo de imediato.
Nos afligimos, ficamos desequilibrados, doentes…

Somente quando esgotamos todas as possibilidades, recorremos a Ele!
Deveríamos primeiro, pedir inspiração, aguardarmos resposta, em vez de nos afundarmos em aflições desnecessárias.
Diz um ditado popular: – “O que não tem solução, solucionado está”, entrega nas mãos de Deus.
Nosso desespero e nossa ligação profunda com os problemas, nos impedem de deixar “o canal” aberto que nos liga a Deus e à espiritualidade para recebermos as orientações necessárias, as soluções…
Na realidade, nunca paramos para pensar profundamente sobre Deus. Interiorizamos algumas informações recebidas sobre Ele desde a infância, e nos contentamos com elas.
O Espiritismo representando O Consolador prometido por Jesus, traz informações através do Livro dos Espíritos, codificado por Allan Kardec, inspirado pelo Espírito de Verdade e os Espíritos Superiores, responde a todos os seus questionamentos.
Primeira pergunta:- Que é Deus? – E obtém a resposta; – “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”.
E, na sequencia afirmam que não temos em nosso vocabulário, palavras que possam trazer maiores esclarecimentos sobre Ele, pois nosso entendimento ainda e muito limitado.
Precisamos evoluir e ter muito mais conhecimento sobre o Universo e sua criação para nos aproximarmos “do que é Deus”.
Mas, enquanto isso, vamos provar que amamos a Deus, amando nossos irmãos, não somente os consanguíneos e sim todos em humanidade, porque só temos um Pai e Criador.
Repito, somente provamos que realmente amamos a Deus, se amarmos o nosso próximo, sem distinção de raça, cor, credo, ideologia…
Amando e respeitando a todos começando por nós mesmos, como afirmou Jesus, nosso Mestre: “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”. Esse é o resumo de todas as leis e os profetas!
Nota: O ator citado na década de 70 é Charleston Heston.

*Lucio Cândido Rosa escreve sobre a doutrina espírita kardecista quinzenalmente no Jornal Cotia Agora