Economista diz que retorno à fase amarela do Plano SP ‘não tem lógica’

O retorno do Estado à fase amarela do Plano São Paulo, medida tomada pelo Governo do Estado impondo redução de horário de atendimento para diversos setores da economia, causou surpresa e desconforto no comércio por ter sido tomada às vésperas do Natal. Além disso, as lideranças do varejo paulista consideram que as lojas de rua não são foco de contaminação pelo coronavírus e que as medidas de segurança estavam sendo tomadas para proteger funcionários e consumidores.

Em entrevista à Gazeta, o economista-chefe da ACSP – Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, afirmou que a notícia anunciada pelo governador João Doria (PSDB) na última segunda-feira (30) chegou em um momento em que os comércios havia aumentado os gastos por causa das vendas natalina, e disse que a ACSP vai acatar o decreto, apesar da discordância. “Não vemos lógica nessa medida”, diz.

Dezembro é o mês mais importante para o varejo. O varejo se preparou para um aumento de vendas e se preparou para atender o consumidor com segurança. Fez gastos muito grandes para isso”, diz o economista. “Não vemos muito sentido em se reduzir o número de horas e o espaço disponível para o comércio atender em um período que deve aumentar a procura e a demanda”, explica.

Segundo ele, a expectativa era que houvesse até uma ampliação da permissão para a abertura do comércio neste fim de ano. Para o economista, a conta é simples: quanto mais tempo de funcionamento de uma loja, menos aglomeração há. “Tivemos o exemplo agora recente da eleição em que o tribunal aumentou em 2 horas o horário da eleição para impedir aglomeração. Estávamos esperando alguma coisa nesse mesmo sentido para o varejo”.

Segundo Solimeo, o endurecimento do Plano São Paulo causou ainda mais estranheza por ter sido anunciada no dia seguinte das eleições municipais, que garantiram a vitória de Bruno Covas (PSDB) na capital paulista. Ele também afirmou que as regras impostas valeriam para meses atrás, mas que não atende a realidade atual.

Para o varejo voltar a se desenvolver a partir do ano que vem, o economista-chefe da ACSP afirmou que espera do poder público – das esferas federal, estadual e municipais – aumento de crédito e parcelamento de impostos e um novo auxílio emergencial.

Provavelmente teremos uma volta da Bolsa Família repaginada, o que é muito importante para as classes de menor renda. E crédito seria muito importante se houvesse uma dilatação, parcelamento de impostos deste ano. Não é anistia, mas parcelamento de prazos mais longos, e crédito, que é o motor da economia”.

Por Bruno Hoffmann – Gazeta de SP