Dr. Thiago Camargo e a Saúde Pública doente

Saúde em primeiro lugar… Todos conhecemos a frase “prevenir é melhor que remediar”, portanto o bordão vale para nossos governantes, que são responsáveis pelas políticas públicas de saúde no País.

São inúmeros os problemas na saúde pública no Brasil, sendo suficiente ligar a televisão para vermos todos os dias nos noticiários as intermináveis filas em hospitais, a precariedade nos atendimentos e as custosas ações emergenciais de combate a epidemias.

Nosso país vive uma realidade preocupante com a falta de leitos de internação do Sistema Único de Saúde (SUS), que são destinados aos pacientes que precisam permanecer no hospital por um período maior que 24 horas. Segundo recente pesquisa, o Brasil tem menos leitos hospitalares, do que o mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nos últimos cinco anos, 15 mil leitos ainda foram fechados, sendo que os estados das regiões Sudeste são os que mais sofreram com essa redução.

Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, sob o princípio de que a saúde é direito de todos e dever do Estado, foi criado no Brasil o SUS, unificado nacionalmente e composto por uma rede de milhares de hospitais, ambulatórios e clínicas.

Como o SUS é responsável pelo atendimento descentralizado de cerca de 140 milhões de pessoas, cabe ao Ministério da Saúde formular as políticas gerais e aos Estados e Municípios administrarem e executarem os serviços. Ocorre que a União foi deixando a responsabilidade do financiamento da saúde para os demais Entes da Federação, com a carga máxima para as prefeituras, fazendo com que os grandes gargalos do Sistema apareçam. Em alguns casos, instituições de saúde locais deixam de se cadastrar por causa dos baixos valores pagos pelo SUS. A falta de leitos para internação aumenta o tempo dos pacientes nas emergências, gerando superlotação nos hospitais.

Uma das críticas frequentes ao SUS é a má gestão, devido, principalmente, à falta de sistemas de informação eficazes para gerenciar toda a rede de saúde. O Brasil tem cerca de 7 mil hospitais, mas apenas algo em torno de 300 a 500 são informatizados. Além disso, os hospitais filantrópicos – que respondem por 70% dos atendimentos SUS – não conseguem fazer boa gestão uma vez que o Sistema remunera apenas 60% dos custos dos procedimentos.
Enfim, a saúde, no País, em vez de “curativos financeiros”, precisa de uma “intervenção cirúrgica”, para aumentar os repasses de verbas federais aos municípios.

*Dr. Thiago Camargo (CRM 107445) é ginecologista e especialista em saúde da mulher e escreve quinzenalmente no Cotia Agora.