“Contos & Causos de Cotia”: Você tinha medo da Bizuquinha e do Bizucão?
Por Beto Kodiak – Publicado originalmente em 13/5/2017
Depois da lembrança destes personagens da história de Cotia, fiquei umas três semanas sobre o que escrever. Conversei com amigos de infância, mas parece que a memória deles virou uma “vaga lembrança”.
Mas, há um capítulo da história de Cotia que muita gente viveu e duas pessoas que fizeram parte da vida, seja infância ou adulta, marcaram esta época.
Dois personagens. Um casal. Um homem e uma mulher apaixonados um pelo outro. Tinham problemas de saúde, eram pobres financeiramente, mas ricos de amor um pelo outro e de educação (às vezes, quando não provocados).
Estou falando de um casal que até hoje, muita gente que os conheceu, não sabe os nomes de batismo. Para quem convivia, era o Bizucão e a Bizuquinha, que fizeram parte da história de Cotia nos anos 70.
Vou explicar e contar um pouco da breve história deles. Bizucão era um senhor de seus 1,75m de altura, pele escura, um fino bigode. Sua esposa, a Bizuquinha, uma mulher baixinha, de cerca de 1,55m, tom de pele um pouco escuro e cabelos encaracolados, apesar de sempre usar um gorro.
Eles moraram em dois lugares em Cotia, em casas de alvenaria simples, sem luz e água, mas, a lembrança que tenho, era de serem felizes e apaixonados.
Os dois locais onde moraram são conhecidos pelos cotianos. Um foi no terreno em frente ao IML – Instituto Médico Legal de Cotia, naquela descida que dá acesso ao ginásio de esportes, a Rua Ágata. A outra casinha que eles tiveram ficava justamente onde hoje é a sessão de hortifruti do Mercadão Municipal de Cotia. Uma curiosidade é que em ambas moradias estavam ao lado de nascentes de água. Aquela perto de onde hoje é o IML, ainda verte água até agora. No local do Mercadão, jorrava água e assim eles usavam para beber e fazer a higiene pessoal.
Saúde
O pastor Ney Passos, que morou muitos anos perto da área do antigo ginásio de esportes (Suvacão) e da moradia do casal, lembra que a Bizuquinha ficou quase cega após um derrame, o que também limitou seus movimentos, pois andava com dificuldades e com uma bengala.
Medo na criançada
Os “causos” de medo da criançada em relação ao casal são muitos. Pelo fato deles andarem com roupas amarrotadas e não gostarem muito de contato social, criou um certo receio nas crianças da Vila São Francisco, bairro próximo ao mercadão e ginásio de esportes.
As crianças corriam de medo, inocentes, sem saber que aquele casal era apenas de pessoas simples que tiveram a vida privada de bens materiais e sem família.
Ney lembra de um episódio: “Uma vez estávamos indo até a Casa Branca (**) nadar e paramos para pedir água pra ele na nova casa próxima ao campinho (perto do atual IML) e quando nos aproximamos dele, a Bizuquinha tirou a roupa e abaixou para fazer xixi. Naquele momento o Bizucão ficou bravo e falou: fora todo mundo daqui!!”
**Casa Branca era o local que a garotada da época ia nadar (próximo ao atual Parque Isaac Pires – Syntechron).
Eu (Beto Kodiak) me lembro que eles eram fregueses do armazém de minha mãe na Vila São Francisco e passavam lá comprar comida e também as pingas 3 Fazendas e Tatuzinho.
Até hoje não sei o nome de batismo deste casal, se tiveram filhos, família, mas toda vez que passo pelos dois locais onde moraram, vem a lembrança deles. Fazem parte da história e dos “Contos & Causos do Cotia Agora”.
Lembra deles? Tem mais algo a contar? Manda pra gente no email: [email protected] ou Whatsapp 9-9614-7771.
Leia mais Contos & Causos de Cotia: https://jornalcotiaagora.com.br/?s=contos+e+causos