Coluna espírita de Lúcio Cândido Rosa: O casamento e o divórcio

“O que Deus uniu, o homem não separe”.
Esta é a frase do pensamento cristão quanto ao casamento.
Foi uma citação de Jesus. Mas quando Ele falava ao povo, não era no sentido do mundo material e sim espiritual. Tanto assim, que Ele sempre repetia: – “Meu reino não é deste mundo”.

Todas as falas do Mestre, sempre foram e ainda são interpretadas, de acordo com o entendimento de um povo pouco evoluído. Quando lemos o Livro dos Espíritos, no capítulo das Leis Morais, quando se refere à Lei de Reprodução, diz que sem ela o mundo corporal pereceria.

Na Gênese mosaica, ao final da criação, Deus profere: – “Crescei e Multiplicai-vos.” O Livro dos Espíritos, refere-se ao: Casamento, como uma união permanente de dois seres. Comenta que “é um progresso na marcha da Humanidade”, e se ele fosse abolido, “seria uma regressão à vida animal.”
O casamento, não é contrário às Leis da Natureza, pois como já colocamos, representa um progresso na marcha da Humanidade terrena, que se resume na união entre dois seres, que decidiram viver juntos em regime de confiança mútua.

Contudo, essa união tem que basear-se na reciprocidade em todos os sentidos, onde ambos precisam cumprir com todas as obrigações e responsabilidades, não havendo qualquer desconsideração entre si.
Qualquer desrespeito às responsabilidades na comunhão entre os dois seres, principalmente em relação à sexualidade que venha a ser interrompida, gera dolorosas consequências, de difícil solução nesta vida e, poderá perdurar por várias encarnações.
Sendo assim, muitos débitos contraídos em outra existência, na arte de aprender a amar, determinam caminhos tortuosos aqui e agora, onde milhares de uniões supostamente infelizes, estão em vários ajustes com base no sofrimento purificador.

De qualquer forma, é preciso compreender que, não existem no mundo conjugações afetivas, sejam elas quais forem, sem a razão de ser, nas quais nossas responsabilidades não são esposadas em comum acordo com as leis humanas e as de Deus.
Entendemos que, a Sabedoria Divina permite reencontros, para quebrar princípios construídos pela violência, e os débitos que precisam ser reajustados nessa união. Por vezes ela sofre a interrupção, a recusa, o adiamento dos compromissos assumidos.

Em muitos casos, o individuo busca antes de reencarnar, uma união difícil, chamando para seu convívio, o parceiro ou a parceira de existências anteriores, para os ajustes que lhe pacificarão a consciência, tendo em vista os erros do passado.
Após essa união ser assumida na espiritualidade e, ser constituída em nosso orbe, consequentemente irá sofrer o desencorajamento, pela maioria dos problemas que poderá enfrentar no dia a dia.

Provavelmente esses cônjuges voltaram a revisar cenas de crueldade distantes, onde o menosprezo, o desrespeito, violência ou deslealdade proliferam, e o casal não encontra forças para reagir aos acontecimentos. Não suportam mais a situação, e buscam no divórcio a solução como medida extrema. Noutras vezes, o suicídio ou o feminicídio (muito comum em nossos dias), ou seja, fatos esses que lhes complicam ainda mais sua trajetória futura.

Nesses momentos em que o fardo se torna tão pesado, a única saída é o divórcio, promovido pela lei humana, que tem por objetivo separar legalmente, o que já está separado afetivamente e espiritualmente de fato. Não é contrario à Lei de Deus, posto que, quando foi dito: – “O que Deus uniu o homem não separe”, referia-se à união do amor, à união espiritual.

Nesses lances da experiência, surge a separação à maneira de benção necessária, e o cônjuge prejudicado encontra no tribunal de sua própria consciência, o apoio moral de auto aprovação para renovar o caminho que lhe diga respeito, acolhendo ou não, uma nova companhia para a jornada planetária.
Por outro lado, acima de tudo, não se deve facilitar o divórcio entre os cônjuges, pois não existem relacionamentos que aconteçam por acaso. E, os laços conjugais constituídos pelas leis humanas, podem vir a ser uma oportunidade para os Espíritos se burilarem, lapidarem e reconciliarem nas sublimações da alma.

O casamento pode vir a ser um campo, onde colher-se-ão flores e frutos de alegria e esperança, quando se fizer dele um campo de aperfeiçoamento próprio, na luta do renascimento que atinge os objetivos aos quais foi designado. Na espiritualidade, a união entre dois seres é espontânea e composta de afinidade recíproca.

Com o passar do tempo, a Terra irá atingir o mesmo nível no processo de ligação entre duas pessoas que se amam, ou têm uma afinidade muito grande, obedecendo aos mesmos princípios, que consiste na ligação espiritual.

Acontece no entanto, que milhares de almas ainda permanecem em estágio primitivo de evolução no planeta, enfrentando débitos difíceis, perante a Lei de Causa e Efeito, pelos desequilíbrios causados por diversas origens, nesta ou em outras encarnações, exigindo reparos ou resgates diretos daquilo que lhes dizem respeito, de modo que não fiquem fora da construção moral de um mundo melhor.

Muita paz a todos!

*Lucio Cândido Rosa escreve sobre espiritismo e espiritualidade no Jornal Cotia Agora. Quer enviar sugestão de algum tema para que ele aborde? Envie para o email [email protected]