Coluna espírita de Lucio Cândido Rosa: A difícil convivência entre pais e filhos

Por intermédio da paternidade e da maternidade, muitos de nós adquirimos pela graça Divina, a oportunidade de sermos pais, principalmente porque os filhos deverão ser o liame de um bom relacionamento, embora nem sempre seja assim, para a maioria dos grupos familiares.
Isso tudo acontece porque a constituição dessa parentela, normalmente, segue o roteiro da lei de causa e efeito, onde semelhante atrai semelhante, para os devidos reparos ou convívio, que se fizerem necessários.

Pelos laços de afeto, encontramos aqueles espíritos que se ligam a nós de forma positiva. Nesse mesmo ambiente poderemos encontrar aqueles que se ligam a nós pela natureza de nossas provas, que servirão de aprendizado para eles e também para nós. E, finalmente poderemos encontrar aqueles que vêm na condição de expiação e provas, refletindo relacionamentos de desafetos de outras vidas, ou seja, inimigos que nascem juntos para se ajustarem em mais uma jornada planetária.

Os laços de sangue, não seguem forçosamente os mesmos laços do Espírito entre pais e filhos, porque ambos só lhe fornecem o corpo físico, pois o Espírito já existia antes do óvulo ser fecundado.
Dessa forma, nosso papel só será de fornecer-lhes o corpo e ajudá-los no desenvolvimento moral e intelectual, que se fizer necessário.
O problema está no fato de que nós não temos noção do quanto os influenciamos.

Porém, se algo não der certo, não deveremos sentir culpa se fizermos a nossa parte, pois existirão uma série de circunstâncias a serem avaliadas, pois aquele filho difícil que chega, por algum motivo aproximou-se de nós tanto no sentido de resgate como aprimoramento.
Assim, a colaboração tanto de um como de outro será decisiva, pois já começa a ser projetada antes de reencarnarmos, ou seja, a constituição do lar, a ralação com os futuros pais, a chegada no devido lar, os processos da gravidez e do berço, reclamando naturalmente uma quota de carinho e atenção que lhes serão necessários.

Cada filho que chega é um campo de tendências inatas, que precisam ser trabalhadas, compreendidas e analisadas, para entendermos de onde vem a força de todos os seus sentimentos, quando penetramos em sua individualidade. Aqui não importa quem errou, mas sem o apoio da reencarnação, ficaremos perdidos para entender esses enigmas, tentando solucioná-los, pois aqueles que não são simpáticos entre si, demostrarão pelos laços desarranjados, nenhuma afeição recíproca na vida

Dessa forma, nem tudo na vida será um mar de rosas, pois herdaremos ali no ambiente familiar, os renascimentos físicos promovendo o reencontro de filhos e filhas, ou seja, espíritos com os quais teremos acertos de contas. Atentos a essa realidade, entenderemos a necessidade de uma autoeducação e reeducação no caráter afetivo, solicitando providências tanto de um lado e como de outro.
É uma fase que Deus em sua sabedoria divina, concede-nos a oportunidade de, através de uma dolorosa cirurgia psíquica, para renovar nossos sentimentos, e gradualmente solucionarmos acontecimentos do passado, porque ali serão colocados todos os sentimentos de desavenças para serem trabalhados no dia a dia, revestindo-os de um encantamento construtivo.
Porém, ambos nascendo numa posição de amnésia mental, não conseguirão esconder inclinações e desejos nos campos de suas preferências às vezes delituosa.

Sendo assim, ali acontecerão ocorrências de aversão gratuita desde o berço até a maioridade. Serão pais e filhos que irão se repelir desde os primeiros contatos. Veremos claramente os fenômenos de hostilidade entre um e outro no dia-a-dia. Pais nutrindo antipatia pelos próprios filhos e filhas, que demostrarão ser grandes inimigos de seus pais, tão logo tomem consciência de sua realidade existencial.
Ali estarão presentes, existências menos felizes, relações negativas, culpas, remorsos, inibições, vingança e tantos outros acúmulos de ódio, que têm raízes lá no passado, exteriorizando-se hoje por meio de manifestações catalogáveis na patologia da mente. Nessa base de raciocínio, veremos aqueles que terão sofrido este ou aquele processo de humilhação, tais como: traição, recém-natos deixado ao relento, aborto, infanticídios, homicídios, etc.

Isso fica claro que a lógica real do momento visa à transformação mental e à sublimação dos sentimentos, pela paciência, tolerância, compreensão, exercício do perdão e o entendimento, desenvolvendo nesta vida a semente do amor.
Quando estivermos empenhados em nossa melhoria espiritual, através da Lei do Amor, lentamente iremos dissipando as algemas do ódio que às vezes nos liga àquele filho, entendendo que ele está ali para um acerto de contas e também para que exercitemos todas as nossas virtudes e bons sentimentos.

Muitas vezes a trajetória e o contexto familiar, nos levam a caminhos pelos quais caímos em desequilíbrio. Se isso estiver acontecendo conosco, é de suma importância buscar o entendimento de todas as formas possíveis, inclusive a ajuda médica para o entendimento, apaziguamento e renovação, observando que a fé religiosa poderá nos ajudar nesse socorro terapêutico.

É indispensável amar e desculpar, compreender e servir, quantas vezes se fizerem necessárias, de modo que o nosso sofrimento e divergências desapareçam, a fim de que, as bases da compreensão e da bondade se levantem na condição de Espíritos reajustados, perante as Leis de Deus e do Universo, garantindo a todos, nas trilhas das reencarnações futuras, a redenção de seus erros.
Muita paz a todos!

* Lucio Cândido Rosa escreve sobre espiritismo e espiritualidade no Jornal Cotia Agora. Quer enviar sugestão de algum tema para que ele aborde? Envie para o email [email protected]