Coluna de espiritismo de Lúcio Cândido Rosa: Karma

Karma ou destino?
Muitos confundem essas duas palavras. Para nós é mais fácil entender que significam a mesma coisa.

Pesquisando, começamos a entender a diferença. Destino é uma sucessão de fatos supostamente fatais, fatalidade, sorte. O “Karma” é um termo vindo de religiões orientais e que se disseminou no ocidente. Ele significa a Lei de Causa e Efeito, o resultado de todas as nossas ações, boas ou más.
Quando nos referimos ao “karma” sempre imaginamos um efeito negativo, mas nem sempre é assim. Nossas escolhas para o bem ou para o mal é que vão produzir um efeito positivo ou negativo. Plantamos o que iremos colher futuramente. E, isso pode acontecer em uma ou mais encarnações.

O que é o “Karma”? Esse termo é uma adaptação do sânscrito “Karman”, vem da raiz “Kr”, que significa “Fazer”, “agir”, e estão relacionadas as nossas ações e as suas consequências. Na física, encontramos o seguinte princípio: “Para toda ação existe uma reação de força equivalente em sentido contrário”. Assim, para cada ação nossa, vai sempre existir uma reação de volta.

O “Karma” é uma energia que usa esse princípio para se manifestar. Podemos compreender que o que acontece fora de nós é o reflexo do que nós somos por dentro. Portanto, se quisermos modificar nosso “Karma”, deveremos vigiar pensamentos, palavras, gestos e ações. Esse termo assume interpretações diferentes, dependendo das religiões que o adotaram, apesar de ser um conceito único.

Para o Budismo, quando uma ação é íntegra, vai originar vários renascimentos positivos. Quando uma ação é incorreta, irá produzir sofrimentos, e finalmente renascimentos negativos. Para eles o “Karma” poderá levar à libertação quando o indivíduo atingir o estágio de “iluminação”.
Para o Hinduismo, o Dharma ou Lei Universal, no sentido de agir corretamente, sem engano, evita o acúmulo de “Karma” negativo.
O Jainismo é uma religião que prega a conduta correta. Dá ênfase à ética e ao pensamento puro para receber recompensa nas encarnações futuras.
Para nós o conceito de “Karma” chegou no século XIX. Foi confundido com a ideia de destino, como consequência de nossas más ações, punidas por Deus.

No sentido religioso, cada uma delas irá apresentá-la conforme seus interesses: castigo, culpa, remissão, dor, redenção, acreditando que é uma ação provocada por nós ou determinada por Deus, sem a possibilidade de mudança, ao seguir as Suas leis.
Seguindo esse raciocínio passaremos a desacreditar na Providência Divina, porque não entenderemos o verdadeiro sentido dessa dor, achando que tudo já está predestinado, sem nenhuma possibilidade de ser diferente, porque Deus quis assim, o que seria para nós o impedimento de promover uma mudança que pode estar a nossa frente, deixando de lado o nosso desenvolvimento material e espiritual de purificação.

A perfeição é o grande objetivo de toda a nossa existência, que vai se processando naturalmente a cada estágio vencido, nos degraus da vida (por enquanto aqui na Terra).
Mas para que isso aconteça, precisamos estar quites com a Lei de Causa e Efeito, que é um benefício concedido por Deus, de forma imposta ou livre escolha, quando temos a permissão de seguir o nosso próprio desejo de nos modificarmos, seguindo algumas regrinhas básicas, segundo Emmanuel:
A compreensão da necessidade de “mudar;
A conjugação da boa-vontade, do esforço e da perseverança;
A firme decisão de estabilizar a “mudança”;

E por fim o propósito de não retroceder na atitude mental superior, a fim de verticalizar, em definitivo, o processo de renovação. Enquanto não entendermos isso, jamais sairemos da zona de conforto ou de acomodação, acreditando que tudo é uma fatalidade.
Seguindo este raciocínio não perceberemos os incessantes incentivos, proporcionados pela espiritualidade, negligenciando o estimulo ao Espírito através de palavras e o ensejo ao trabalho redentor.
Dessa forma poderemos concluir, que continuaremos sem ver ou escutar, justificando as sublimes palavras do Mestre, quando murmurou: “Tendo olhos, não vedes e, tendo ouvido, não ouvis”.

Nesse caso será imprescindível que a luta e o sofrimento deem lugar à vontade de mudar, dando o primeiro passo, conjugando a boa vontade, o esforço e a perseverança.
Em um segundo plano precisaremos entender que se não conseguirmos enfrentar essa situação sozinhos, poderemos buscar toda força necessária através dos ensinamentos do Mestre Jesus, somados com a oração e ajuda terrena, principalmente das pessoas que estão a nossa volta querendo auxiliar-nos.
Existirão encarnados e desencarnados que tentarão nos desvirtuar do caminho certo a qualquer preço, e para evitar que isso aconteça, deveremos utilizarmo-nos do benefício da oração.

O espiritismo aceita o “Karma” como Lei de Causa e Efeito ou ação e reação e não como destino. Antes de voltarmos ao planeta terreno, passamos pelo Departamento de Reencarnação, para fazermos nossa programação reencarnatória. Nela solicitamos provas e expiações para nosso processo evolutivo. Portanto, essas provas e expiações não são impostas.

Nossas boas ações irão proporcionar o alívio das penas, através do “fora da caridade não há salvação”, colocado como incentivo pela Doutrina Espírita.

Muita paz!

Agradecemos a sugestão enviada pela nossa leitora “Linda”, da cidade de Santos.

*Lucio Cândido Rosa escreve sobre espiritismo e espiritualidade no Jornal Cotia Agora. Quer enviar sugestão de algum tema para que ele aborde? Envie para o email [email protected]