Psicóloga Nivea Guterres: A diferença entre amor e carência afetiva

Você sabe identificar a diferença entre gestos de amor e carência afetiva?

Quem de nós alguma vez na vida nunca se viu perdido frente a um sentimento? Imagino que grande parte da população e essa é uma das grandes lutas do ser humano: aprender a amar de verdade. Meu sentimento é equilibrado nesse relacionamento? Ou estou amando ou estou só preenchendo minha carência? Sabemos que quando existe amor nossas ações e atitudes surgem impulsionadas pelo desejo de doar-me, de construir o outro, mesmo que isso exija muito de mim.

Dentro da felicidade do amar está em dar-se e perceber que, ao me dar, sou mais completo e realizado. Sabemos que no amor verdadeiro, não há posse nem ciúme, pois, o outro não é meu domínio, não há isolamento. O amor não exige respostas, e também não é determinado pelo que se recebe em troca. O amor é gratuito, não precisa ser pago, por isso posso amar, mesmo quando o outro não merece, e posso perdoar quando o outro não consegue responder com o mesmo amor.

Quando amamos nos tornamos fiel, confiável, solícito, paciente e bondoso; ele inclui o outro na minha verdade, na minha intimidade, sem exigir exclusividade ou permanência eterna. Só o amor verdadeiro nasce da liberdade. Já a carência afetiva  é uma tentativa de auto-preenchimento. Isto acontece por me sentir necessitado, sou impulsionado a buscar no outro o que me falta.

Meus gestos bons, meu esforço para acertar, são uma forma de conquista e troca, para que receba em retorno carinho, simpatia, reconhecimento, elogios e intimidade. Quando consigo fazer com que alguém se torne próximo, quero garantir essa relação para que sempre tenha essa fonte de contato para mim.

A carência é pautada nos ciúmes, tenta exclusividade por meio do isolamento; ela é uma forma de usar o outro, roubando a liberdade de todos os envolvidos. Num relacionamento carente, acontece o vício do outro, a dependência a felicidade fica condicionada a outra pessoa. Sei que, parece muito infantil essa descrição da carência, mas quero dizer que todas as pessoas precisam equilibrar, todos os dias, seus sentimentos.

Todas as pessoas têm cicatrizes de desamor, de abandono e decepção, todas são carentes. Isso só comprova que sou humano, que não sou completo, por isso preciso saciar constantemente minha carência na Fonte verdadeira de amor. Reconhecer que minha necessidade é contínua faz-me ver que não estou livre de errar em meus afetos. Todos os dias, posso errar ou acertar, posso usar do outro ou me doar.

*A psicóloga clínica Nivea B Guterres (CRP- 06/127300) escreve quinzenalmente no Jornal Cotia Agora. www.niveaguterres.com.br – Telefone: 9-7372-1087 – facebook – Consultório de psicologia Nivea Guterres