Chuva em excesso deixa represa da região em estado de alerta

Barragem abastece sete cidades. ‘Falta de chuvas preocupa, mas o excesso também’, diz gerente de represa.

Os excesso de chuvas no começo de janeiro na região de Sorocaba vem deixando a represa de Itupararanga, em constante alerta. Com o aumento de água que chega até o local, o reservatório atingiu o nível de 72% de sua capacidade nesta quinta-feira (14), segundo dados divulgados em uma coletiva de imprensa organizada pela Votorantim Energia, empresa responsável pela operação da barragem.

De acordo com o gerente de manutenção e operação Neymard Silva, apesar do aumento, o atual volume de água é considerado normal para este período. Desde o final de dezembro de 2015, a represa opera com um aumento na vazão por conta das chuvas.

Para quem passa pela represa, localizada no caminho à cidade de Ibiúna, fica clara a diferença no nível da água. Segundo Silva, a represa chegou a atingir os 45% da capacidade no período de seca em 2014. Apesar da baixa, o número também é considerado normal para o período, levando em conta dados estatísticos de anos anteriores.

A empresa realiza o monitoramento constante da quantidade de água represada e a vazão dos rios Sorocabuaçu, Sorocamirim e Una, que chegam até o reservatório. “Estamos em um cenário, pelo menos por enquanto, de absoluta normalidade. Do mesmo jeito que a falta de chuvas é preocupante, o excesso também é, por isso, estamos em alerta o tempo todo.”

Amortização de cheias
A represa opera para evitar grandes cheias e alagamentos na área depois da barragem, incluindo o Rio Sorocaba. Quem faz esse papel é um procedimento conhecido como “amortização de cheias”.

A usina acompanha constantemente o nível da represa e a vazão de água que chega dos rios. Com base nisso, eles aumentam ou diminuem a quantidade de líquido liberado da barragem. “Esse é talvez o papel fundamental de Itupararanga. As operações garantem que determinados níveis não atinjam as comunidades abaixo da barragem para evitar que a cheia possa afetar as pessoas.”

A abertura é um procedimento de segurança da represa, que pode armazenar até 302 milhões de metros cúbicos de água. “As comportas são um dispositivo de regulação do reservatório. Em determinados níveis elas precisam ser abertas para que as vazões que chegam ao reservatório sejam gradativamente enviadas rio abaixo. Isso não quer dizer que elas sejam responsáveis por uma eventual cheia que venha a ocorrer”.

Alagamentos
Silva afirma que nessa época do ano o contato com os órgãos de Defesa Civil dos municípios é constante. “Na medida em que eles nos acionam procuramos reduzir as vazões para tentar minimizar as cheias. Existem limites que precisam ser respeitados devido a estrutura do reservatório e por isso não conseguimos fazer 100% do tempo. Buscamos sempre um ponto de segurança entre a barragem e as pessoas que estão abaixo dela”, diz. Com o aumento das chuvas é comum, por exemplo, as pessoas falarem da questão da abertura das comportas como único responsável por possíveis alagamentos como o registrado no Vitória Régia, no fim do Rio Sorocaba.

Mas além da vazão da represa, a chuva ao longo do rio influencia de forma direta para a cheia na área urbana. Com o excesso de chuvas, a terra nas margens fica encharcada e deixa de absorver a água, que vai para o rio.

O gerente de operação e manutenção garante a segurança da represa ao afirmar que não existem riscos de incidentes. “Embora a barragem seja antiga, existe nenhum problema com ela que possa causar qualquer tipo de preocupação devido aos processos de manutenção”.

Consumo e energia
Apos passar pela represa, o caminho da água se divide. Parte é destinada ao abastecimento de cidades na região como Votorantim, Ibiúna, Piedade, São Roque, Mairinque e Alumínio.

Já em Sorocaba ela é responsável por 85% do consumo da cidade, segundo o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae). A água é levada diretamente para a Estação de Tratamento de Água do Cerrado e distribuída para a cidade, com exceção da zona industrial e a região de Brigadeiro Tobias, que possuem outras fontes de abastecimento.

O restante percorre um caminho de 3,4 quilômetros até uma usina hidrelétrica instalada em Votorantim há mais de 100 anos, em uma estrutura surpreende pelo tamanho. Toda a energia é gerada dentro da casa de máquinas e distribuída pelas torres ao redor. O local, construído pela Light em 1914, ainda mantém o maquinário original. “Não temos planos para ampliação até por não ser fisicamente possível”, explica o gerente.

A quantidade de energia gerada depende da vazão do rio. “Itupararanga faz parte de um processo com 55 megawhats de potência instalada dentro de um universo de 2,6 megawhats. Hoje é uma usina considerada pequena que no passado foi muito importante”. Toda a eletricidade é usada pela companhia brasileira de alumínio (CBA), que pertence ao Grupo Votorantim.

Chuvas continuam
A previsão é que a chuva continue até domingo (17) em Sorocaba, conforme dados do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). A Defesa Civil registrou queda de 1mm no índice acumulado de chuva dos últimos 3 dias (72 horas) e dos 105,5mm marcados na segunda-feira (11), na manhã desta terça o volume foi de 104,5mm.

Ainda pela manhã desta terça-feira (12), régua medidora de nível do Rio Sorocaba apontava 20 centímetros. O limite de atenção, quando há possibilidade de transbordamento é de 1,80 metro.

Do G1