Cetesb aponta dois aterros irregulares na região

Três anos depois da data limite para a extinção dos lixões ou depósitos inadequados de detritos, pela lei federal da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, dois aterros sanitários irregulares ainda permanecem na Grande São Paulo.

Segundo a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), os aterros de Osasco e Embu das Artes apresentam irregularidades. “O aterro de Osasco está funcionando por liminar, por força de medida judicial, mas ainda em situação inadequada de operação”, disse a companhia. “A capacidade do aterro de Embu das Artes está esgotada e com problemas de operação, como falta de cobrimento dos resíduos e sem compactação.”

O DIÁRIO visitou os dois locais na semana passada e constatou os problemas. Em Embu das Artes, urubus sobrevoam lixo depositado a céu aberto. O cheiro de material orgânico apodrecido é forte.

O mais curioso é que nesse município passou a vigorar a cobrança da Taxa de Coleta e Remoção de Lixo, anunciada recentemente pelo prefeito Ney Santos (PRB). Para este ano, o valor cobrado será de R$ 174,35, podendo ser pago em até cinco parcelas. A primeira cobrança tem vencimento para o dia 20 de agosto.

Procurada, a Prefeitura de Embu das Artes disse que o aterro sanitário possui todos os recursos necessários para operação plena. “Possuímos a máquina de tratamento mecânico biológico, que tira de 30 a 40% do volume do lixo e assim prolongamos a vida útil do aterro”, afirmou. “Temos a manta que não permite a contaminação do lençol freático, fazemos a captação de chorume por drenagem e temos drenos de gás metano através de chaminés.”

Sobre a exposição do lixo, acusada pela Cetesb e verificada pelo DIÁRIO, a gestão disse que a aplicação da camada de terra é feita sempre na última operação do dia.

Moradores relatam o drama do convívio

Todas as noites, a dona de casa Maria Silva, 65 anos, fica com a visão turva em função dos gases que emanam do terreno vizinho à sua casa, na comunidade Portal 2, em Osasco.

Maria vive ao lado do aterro sanitário da cidade, que chegou a ser interditado pela Cetesb em abril, mas foi reaberto por uma liminar da Justiça.

“O gás invade as nossas casas e não deixa a gente respirar”, queixou-se Maria. “A gente sobrevive aqui porque não tem para onde ir. Mas sentimos que estamos morrendo aos poucos.” Mesma queixa tem a auxiliar-administrativo Flávia Conceição, 23 anos, também moradora da comunidade. “O cheiro é forte e atrai ratos”, disse.

Segundo a Cetesb, o maior problema desse aterro era a mistura de lixo orgânico com o da construção civil, que causava instabilidade do terreno. Além do acúmulo da terra usada para cobrir o lixo, que teria passado dos 817 metros autorizados.

A Prefeitura de Osasco disse ter adotado as medidas solicitadas, como instalar trituradores, e solicitou uma reavaliação da companhia, que não teria acontecido. “Lamentamos a postura da Cetesb. Afinal, o aterro tinha nota 9 e tal critério foi desconsiderado.”

Por Fernando Granato – Diário de S. Paulo