Vírus que matou homem de Sorocaba é semelhante ao descoberto em Cotia há 30 anos

Um caso ocorrido em 1990 deixou a população de Cotia assustada. A morte de uma jovem de 25 anos foi considerada suspeita pelas autoridades da época e revelada depois como sendo originária de um desconhecido vírus.

30 anos depois, outro caso registrado em Sorocaba no início de janeiro volta a alertar as autoridades de saúde e a população. Uma pessoa morreu, decorrente da febre hemorrágica brasileira, após mostrar os primeiros sintomas em 30 de dezembro. Após exames e internação, a vítima morreu no dia 11. O caso é semelhante ao de 1990, com febre hemorrágica.

O início dos sintomas pode ocorrer entre 5 e 21 dias, após a exposição ao vírus. Os sintomas de início são febre, mal-estar, dores musculares, de cabeça, no estômago, entre outros. O vírus, chamado pelo Ministério da Saúde de “arenavírus” desencadeia febre hemorrágica. A Secretaria Estadual da Saúde está analisando o caso.

Vírus em Cotia

Os especialistas dizem que o caso é semelhante ao ocorrido em Cotia em 1990, o chamado vírus Sabiá, já que a morte ocorrida naquele ano, foi no Jardim Sabiá. Na época, três pessoas foram infectadas (dois pesquisadores de SP e Belém), sendo que uma engenheira agrônoma que visitou a família em Cotia contraiu o vírus e morreu. O vírus foi descoberto pela pesquisadora Teresinha Lisieux, do Instituto Adolfo Lutz. A suspeita de início era de febre amarela, mas ao fazer testes em ratos, viu que era um novo tipo de vírus, que foi batizado de Sabiá.

Em 1994 a Revista Veja publicou uma matéria sobre doenças contagiosas e comparou o vírus Sabiá com o Ebola. Na época, um pesquisador americano foi infectado pelo Sabiá dentro de um laboratório da Universidade de Yale. Ele deixou cair uma amostra do vírus que estava em material orgânico de um macaco e mesmo usando o equipamento de proteção, foi contaminado quando limpava os resíduos.

Como se transmite

Segundo nota da Secretaria Estadual da Saúde, o vírus pode estar em roedores que vivem em matas e a contaminação só acontece através do contato da pessoa com secreções e urina dos bichos.

A nota diz que não foi registrado transmissão entre pessoas. Pode acontecer se houver contato com um infectado através de materiais do organismo (secreção, urina, fezes, etc). “É importante destacar que não há motivo para preocupação. É uma doença rara e restrita aos ambientes silvestres. A melhor forma de prevenção é evitar o contato com roedores que vivem nestes locais”, destaca a diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, Helena Sato.

Por Beto Kodiak e Bruna Santana (Cotia Agora)