Sem chance no Brasil, craque cotiano Leandrinho rodou o mundo e quase defendeu a Costa Rica

Atacante é de Cotia e já rodou vários países, como mostrou o Jornal Cotia Agora em 2017

O atacante brasileiro Leandrinho é daqueles atletas que pouco jogaram no Brasil. Agora com 32 anos, o jogador fez toda a carreira fora do país. Com passagens pela base de São Paulo, Portuguesa e Portuguesa de Londrina, o atleta foi jovem para a Costa Rica, onde se tornou ídolo, e depois rodou por outros sete países, somando experiências em cinco continentes diferente (a contar as três Américas, Europa e Ásia). Em conversa com oGol, Leandrinho relembrou um pouco de cada passagem.

A começar pela mais marcante: Costa Rica. Então jovem na base da modesta Portuguesa de Londrina, o jogador atraiu interesse de dirigentes costarriquenhos e não fugiu do desafio.

“Estava treinando no profissional e foi um treinador da Costa Rica ver uns jogadores lá. Naquela história que sempre acontece, o treinador foi para ver uns jogadores, mas acabou gostando de mim e me levou para a Costa Rica, ainda muito novo. Graças a Deus, no primeiro ano já virei ídolo da torcida, ganhei todos os prêmios individuais: goleador do campeonato, jogador mais jovem… Na mesma temporada, fui vendido para um time da Bélgica. Logo no início lá, fiz dois gols. Foi como começou a minha carreira”, disse, em conversa por telefone.

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Idolatria na Costa Rica

Em pouco tempo, Leandrinho colocou na conta três países em três regiões diferentes do planeta, com três línguas também diferentes. O que mais marcou, não esconde o brasileiro, foi mesmo a Costa Rica.

“Sou muito agradecido a Costa Rica: tenho casa lá, fui casado com uma costarriquenha, e tenho duas filhas com ela. Sou agradecido por essa oportunidade de ter ido para a Costa Rica, porque foi onde começou tudo”.

No início, o atacante não tinha grandes expectativas sobre o futebol local. “Foi anormal para mim, por saber que a Costa Rica não era um país com liga forte”. Mas as poucas oportunidades no Brasil o fizeram perseverar fora. Até que Leandrinho foi conhecendo, aos poucos, a Costa Rica.

“A Costa Rica é um país onde gostam muito do futebol, amam o futebol. Inclusive eles têm se classificado bem para o Mundial, o que é algo difícil, porque eles jogam contra México, Estados Unidos”.

O destaque no futebol local quase fez o brasileiro atuar na seleção costarriquenha. Por muito pouco, Óscar Ramírez, antigo selecionador local, não pôde convocar o atacante para a seleção.

“A gente foi campeão junto na Alajuelense. A gente conversou algumas vezes. Ele falava: ‘Estou esperando você fazer seu passaporte para poder ver se te chamo’. O Wanchop (ídolo do futebol local) também é muito meu amigo. O La Volpe (outro antigo técnico nacional) também falou na TV que precisava de um jogador com as minhas características. Não deu certo, mas tudo bem”.

Ainda assim, Leandrinho guarda grandes memórias no país. “Fui campeão duas vezes, todas as passagens foram boas, sempre com gols”. Com melhores condições financeiras em outros mercados, porém, o atacante seguiu a vida.

Raízes portuguesas

Na Europa, jogou por Zulte Waregem, da Bélgica, e Paços Ferreira, em Portugal, onde teve “um dos melhores técnicos” da carreira (Paulo Sérgio). Em terras lusas, inclusive, começou a história da família de Leandrinho no futebol.

“Meu avô (Zé Rita) jogou em Portugal. Quando o Santos foi bicampeão mundial, ele era goleiro do Benfica. Convivi bastante com ele. Ele nunca falou muito de futebol comigo porque ele teve um problema no Benfica de uma lesão que acabou com a carreira dele. Ele não teve muito suporte, então era meio frustrado no futebol. Ele foi um grande goleiro em Portugal”, lembra.

A passagem do brasileiro em Portugal acabou marcada por problemas musculares. Leandrinho seguiu, então, rodando o mundo: passou por Arábia Saudita e Irã, tendo boa experiência financeira no primeiro lugar, mas problemas no segundo.

“O futebol era forte, mas não cumpriram com meu contrato. Só fiquei cinco meses e rescindi para ir para a Arábia Saudita. Não foi experiência muito boa. Não joguei muito, a gente brigava muito porque eles não pagavam meu salário. Não é um país ruim de se morar, poderia ser uma experiência positiva. Outros brasileiros passaram lá e jogaram alguns anos, como o Edinho, que jogou comigo. Mas não foi experiência boa para mim”, lamenta.

Entre idas e vindas na Europa e na Ásia, Leandrinho voltou duas vezes para a Costa Rica e chegou a jogar na Guatemala, tendo a experiência em uma das principais equipes do país, mas sofrendo com uma liga mais fraca.

“Estava jogando na Arábia Saudita e tive alguns problemas com a minha ex-mulher, que não queria voltar para lá. Ela queria ficar perto do país dela. Como tinham as nossas filhas, acabei cedendo. Tinha um acordo para continuar na Arábia Saudita, com boa condição financeira. Na Costa Rica, não podiam me pagar. Acabei indo ao Municipal, clube grande no país (Guatemala), que me ofereceu um bom contrato. Na verdade, lá o futebol é muito fraco, precário. O time era bom, maior time do país. Cumpri o que tinha que cumprir, fui o goleador do time”, conta.

Carreira na Turquia

Atualmente, o atacante está na Turquia. Já foram quatro equipes diferentes no futebol turco, com a passagem mais marcante com a camisa do Sivasspor, conquistando a segunda divisão turca.

“No meu primeiro ano na Turquia, joguei bastante. Fiz 17 gols, fui melhor estrangeiro na segunda divisão. Depois, fui vendido ao Sivasspor. Foi um ano mais de realizações: fomos campeões, subimos de divisão, fui o goleador, fui muito querido no clube”.

Depois, porém, Leandrinho acabou com algumas desavenças com a diretoria do Sivasspor. O jogador, sem estar nos planos da comissão técnica, pediu para ser negociado para fora do país, mas não foi atendido.

“Queria sair, porque via que o treinador não contava comigo. Quando tive proposta do Panathinaikos, para Dubai… Acabei não aproveitando nenhuma proposta no momento que mais tive. A diretoria me complicou de todas as formas. Mas gosto muito da torcida e do clube. Como tudo na vida, tem suas coisas boas e más. Tem mais boas que más”.

Leandrinho se diz feliz no futebol turco, e não se importaria em encerrar a carreira por lá. Na atual temporada, atuando como 9 no Umraniyespor, já fez quatro jogos na segunda divisão, marcando uma vez.

O jogador, acostumado a vivenciar experiências em vários países, não esconde que ainda há dois destinos que gostaria de ter ido: Inglaterra e Emirados Árabes. Já um retorno ao Brasil, país onde nasceu, mas não jogou profissionalmente, quase aconteceu no Botafogo.

“Tenho muita vontade de jogar no futebol brasileiro. Se tiverem condições financeiras, tenho muita vontade de ficar perto da família. O empresário tentou me levar ao Botafogo. No final, não sei se os valores eram muito altos para eles, até porque o Botafogo não paga muito. Conversei com pessoal, tentei abaixar um pouco as condições, mas, no final de tudo, a proposta da Turquia foi muito boa e continuei aqui”, confessa.

Ainda dá tempo de Leandrinho marcar o Brasil em seu mapa futebolístico. O bom filho rodou o mundo e está feliz fora, mas um dia pode, sim, voltar para a casa…

Por Carlos Ramos – O Gol