Sandra Beu, gestora da APA Itupararanga morre atropelada

Bióloga abraçou luta contra danos ambientais na região de Caucaia

A gestora da Área de Preservação Ambiental (APA) da represa de Itupararanga e gerente metropolitana do Instituto Florestal, a bióloga Sandra Eliza Beu, de 37 anos, morreu no início da tarde deste sábado ao ser atropelada por uma carreta na Rodovia Deputado Archimedes Lammoglia (SP-75), no quilômetro 16,8, em Itu.

sandraEla retornava para casa ao lado de aproximadamente 20 amigos durante uma pedalada em grupo. Sandra tinha o hábito de pedalar em grupo, aos finais de semana, para conhecer lugares diferentes na região de Sorocaba em cima de uma bike, na prática conhecida como cicloturismo. A morte dela repercutiu nas redes sociais entre os amigos que lamentaram o acidente. Ela será velada e enterrada no Cemitério Congonhas, em São Paulo, às 15h30 deste domingo. Os pais dela moram na capital paulista. Sandra residia sozinha em um apartamento e tinha dois cachorros. Voltava de um evento organizado por um grupo de ciclistas, com 80 quilômetros de pedalada, percorrendo Votorantim, Éden, Toyota, Fazenda Stecca, Jóquei Clube, Itu e Sorocaba.

De acordo com a Polícia Militar Rodoviária de Itu, o acidente aconteceu às 12h15, na pista sentido Itu-Sorocaba, em um ponto em que o trecho é reto e onde há saída e entrada de veículos pela Avenida Paraná, próximo ao viaduto Porphirio Rogick Vieira. A base da corporação não soube informar como aconteceu o acidente. Na Delegacia de Itu, uma escrivã informava ontem à noite que a delegacia estava sem sistema e não tinha como passar informações sobre o atropelamento. Segundo a polícia, uma carreta atropelou a ciclista, que chegou a ser socorrida por uma equipe de resgate da concessionária que administra a rodovia no Hospital Regional, mas não resistiu aos ferimentos. Devido ao acidente, uma das faixas precisou ser interditada por certo tempo.

Sandra Beu foi uma das pessoas que mais lutaram para que danos ambientais causados pela ALL – América Latina Logística, empresa que opera a linha férrea que passa por Caucaia, parassem e fossem evitados.

No episódio do derramamento de 11 mil litros de óleo diesel próximo à Represa do Morro Grande em 2011, ela esteve envolvida em reuniões entre ONGs e entidades ambientais para cobrar melhorias no serviço prestado pela ALL para evitar desastres ecológicos em Cotia.

sandra1A morte de Sandra repercutiu entre os amigos nas redes sociais. A cicloturista Rosemary França Gonzales, de 44 anos, que anda de bicicleta ao lado do marido e são conhecidos entre os ciclistas como Casal 20, conversou com Sandra logo pela manhã, por volta das 8h, quando se encontraram na ciclovia de Sorocaba. “Ela passou por nós na ciclovia, parou com o grupo e me deu um abração e se foi com aquele lindo sorriso. Conversamos só um pouco e ela seguiu com eles sentido a Itu. Fiquei muito triste!”, afirma. Ciclista ativista, o analista de sistemas Júlio Malzoni, de 37 anos, que conhecia Sandra, se dizia muito triste e não acreditava no acidente. “Olha, eu ainda não estou acreditando que isso aconteceu… mas tenho de aceitar.”

Rose conta que Sandra chegou a Sorocaba há dois anos e desde então pedala com os grupos de Votorantim e Sorocaba. “Ela já pedalava em São Paulo.” A jornalista e cicloativista, Renata Falzoni, que pedala desde 1976 usando a bike como meio de transporte, conhecia Sandra e lamentou a morte da ciclista em seu portal Bike é Legal (bikelegal.com). Diz ela que entre muitos trabalhos em prol do ciclismo, como a abertura de vários parques estaduais para a prática do Mountain Bike (MTB), Sandra compilou um guia de MTB da região da APA Itupararanga. Lembra Renata de ter pedalado ao lado de Sandra em outras oportunidades por trilhas do Parque do Juquery, em Franco da Rocha. “Infelizmente, perdeu a sua vida hoje, dia 7 de março, vítima de um atropelamento na estrada próximo a Sorocaba”, escreve Renata, que também é arquiteta, videorrepórter e fundadora do Night Bikers Club do Brasil em 1989. Renata já pedalou por 27 países, produzindo o programa de tevê “Aventuras com Renata Falzoni”.

Do Jornal Cruzeiro do Sul com informações do Cotia Agora