Ricardo Guerin estreia coluna: “Questões de Vida ou Morte”.

Há alguns anos trabalhando no Centro Espírita, temos visto o quanto é difícil a situação das pessoas que chegam a nossa casa com a dor de quem perde um ente querido.

Como Espíritas sabemos que ninguém “perde” ninguém, que a separação é temporária, mas como nos dói essa distância. Espíritos imaturos que somos, ainda não conseguimos entender em plenitude a justiça, a bondade e o amor de Deus.

E ante qualquer situação inesperada, que fuja daquilo que nós definimos para nossa vida como normalidade, nos afligimos muito. A morte ou desencarne, como chamamos, na maioria das vezes é inesperada.

espÀs vezes, a título de reflexão perguntamos entre o nosso próprio público na casa espírita: “Quem acha que vai morrer neste ano?”. “Quem acha que vai desencarnar daqui a cinco anos? “20…30 anos?”, poucos levantam a mão.

Dificilmente cogitamos na brevidade e na fragilidade da chamada vida material.

Por isso, a afirmativa de Jesus em Mateus: “Vigiai, pois, porque não sabeis a hora em que virá o Senhor.” faz tanto sentido… A qualquer momento a “senhora morte” pode nos visitar.

Chico Xavier dizia: “Viver é sempre dizer aos outros que eles são importantes. Que nós os amamos, porque um dia eles se vão e ficaremos com a impressão de que não os amamos o suficiente”.

Mas se a morte ainda não nos apresentou seu cartão de visita, nos resta a pergunta filosófica de sempre: O que eu estou fazendo aqui? Qual a razão da minha existência?

Isso é uma pergunta que deve ser feita todo dia. Só para lembrar que a vida deve ser sentida, vivida. Viver exclusivamente para saciar nossas paixões é muito pouco para nosso potencial. Deus nos criou para mais.

Não podemos nem devemos ficar vivendo a vida de repetição, sem algo maior para pautar nossa existência.

Evidentemente esse algo maior não quer dizer grandes obras, mas uma aproximação de Deus. Que pode dar-se com qualquer religião ou nenhuma até, já que conheço ateus muito espiritualizados.

Aqui estamos para aprender mais, perdoar mais, amar mais… Estamos aqui, não somos daqui.

Cada um de nós tem seu motivo, sua razão de estar aqui. Mesmo quando achamos que o melhor é “ir embora”.

Para quem acha que já fez o que podia, que não encontra mais motivação para viver, segue a frase do escritor Richard Bach: “Eis um teste para saber se você terminou sua missão na Terra: Se está vivo, não terminou. ”.

Encontre sua missão. Aproveite sua encarnação. Muita Luz!

*Ricardo Guerin é trabalhador voluntário da Associação Espírita Atitude de Amor, em Cotia e escreve quinzenalmente no Jornal Cotia Agora sobre espiritismo.

guerin