Psicóloga Regiane Campos: Combatendo a ansiedade e a depressão no isolamento social

No último domingo completamos dois meses de quarentena e quantas coisas precisaram ser mudadas na nossa rotina. Foi trabalho, escola, limpeza da casa e preparação das refeições, idas ao supermercado, feira e outros comércios, visitas aos familiares (pais, filhos e netos), saídas com amigos, viagens e festas já agendadas. Enfim, parece que tudo, ou quase tudo teve que ser modificado de uma hora para outra.

Nos primeiros dias, foi como se acordássemos de uma noite sem dormir (depois de uma noitada com festa ou de um filho doente) e tivéssemos que produzir normalmente.

Aos poucos fomos improvisando e buscando formas de se adaptar a tudo o que estava acontecendo. O fato é que não vi, até hoje, ninguém que já esteja 100% confortável ou adaptado à pandemia.

Crises já tiveram tantas, mas esta parece que estar pior?

Você já passou por um acidente? Pode ser um acidente sério como uma batida de carro ou, um gerado por desatenção como trombar com uma pessoa por estar desatento?

Um acidente é uma experiência que pode ajudar de certa forma a pensar no que estamos vivendo hoje. Pois, costuma ser algo inesperado, até por que, se soubéssemos antes, teríamos evitado. Concorda?

O que estamos vivendo hoje é parecido na situação, pois se trata de algo completamente inesperado. Por outro lado, a proporção é muito maior, pois não há, possivelmente, ninguém nas gerações atuais que tenha passado por algo tão intenso. É por isso que as crises de ansiedade e depressão têm sido tão frequentes.

Não consigo dormir. Estou comendo de forma compulsiva! Estou muito ansioso ou ansiosa

Você sabia que a principal emoção da ansiedade é o medo? Estudos na neuropsicologia (área da Medicina) demonstram que quando esta emoção está desregulada, ou seja, quando o medo toma conta da nossa cabeça e dos nossos pensamentos, entramos no estado de ansiedade ou nos casos mais sérios, a síndrome do pânico.

Há 15 dias eu fiz uma pesquisa no Instagram e decidi trazer o resultado. Das 91 pessoas que participaram, 76% estão fazendo home office. Isto já mostra que está perrengue para todo mundo, pois quem não está em home office está trabalhando fora. E aí tem também o medo de pegar o coronavírus ou de trazer para um familiar. Outro incômodo que apareceu são os pensamentos nas pessoas que gostamos e que estão na linha de frente.

Todo mundo tem pelo menos um familiar, um vizinho ou amigo que faz parte dos serviços necessários ou que está tendo que sair de casa.

Os medos mais frequentes, surgidos com o isolamento social são: medo de ficar ou ter alguém querido doente, medo de perder o emprego, medo de faltar algo e com isso, as pessoas têm comentado que o sono e o apetite ficam alterados.

Pessoas estão mais depressivas com a quarentena

A principal emoção da depressão é a tristeza, algo extremamente doloroso de se sentir. Por isso mesmo que aprendemos a evitá-la. Isso explica o porquê não gostamos de falar ou pensar em fatos tristes; acontecimentos que tenham relação com perdas que ocorreram na nossa vida.

O fato é que com a pandemia estamos muito expostos a notícias extremamente tristes. Então decidi deixar uma dica que tem auxiliado muitas pessoas: “Atente-se a quantidade e qualidade das informações que você está recebendo e consequentemente consumindo.”

Sabe quando começou a pandemia e o isolamento social aqui no Brasil? Ficar vendo aqueles vírus gigantescos, no fundo dos noticiários me deixava ansiosa e triste e eu tomei a decisão de não assistir mais. Pois eu pensei: Quando exagero na quantidade de comida fico mal, será que com informação não é da mesma forma?

Como cuidar do corpo e da mente na quarentena?

Auto cuidado é o nome que damos às ações que fazemos para nós mesmos. Ele sempre foi necessário, mas em tempos de pandemia ele pode ser a única alternativa que temos para passar por esta crise e sair dela bem.

Cuidar do corpo é manter uma alimentação saudável, praticar atividades físicas. Há pouco falávamos sobre improvisações e adaptações que podemos experimentar. A atividade física libera substâncias, chamadas de hormônios que mantém a sensação de bem estar e satisfação por mais tempo.

Para cuidar da mente a dica é: “Faça coisas que gosta”
“Sabe quando você toma aquele banho legal onde tem a oportunidade de cuidar do seu cabelo ou quando assiste a um programa que adora?” Isso pode ser também uma forma de auxiliar seu corpo a liberar a serotonina, o hormônio gerador de felicidade.

Como sentir a felicidade na pandemia?

Você já deve saber que a principal emoção da felicidade é alegria, não é?
Agora, como tê-la diante de tanta tristeza e medo? Você já ouviu falar das pequenas alegrias?
Pequenas alegrias são situações que acontecem com relativa frequência no nosso dia a dia, são acontecimentos onde eu posso sentir prazer. Um exemplo que gosto bastante é o de quando estou faminta e como uma refeição que pode até ser simples, mas muito bem feita, com alimentos que gosto e aprecio.

Nesta situação, “Quando eu me dou a oportunidade de contemplar a experiência, ou seja, comer sentada, sem falar de assuntos difíceis ou tóxicos e de preferência sem a TV ligada; eu acabo por perceber a satisfação que estou tendo neste momento.”
Para os apreciadores de café, eu gosto de citá-lo. “Sabe quando você toma um cafezinho passado na hora e colocado em xícara e pires. Sentado e não encostado na pia.” É outro exemplo.

O acesso às pequenas alegrias pode ser feito com muitas outras coisas como: ler, colorir desenhos, brincar com crianças, assistir a uma série.

O exercício de se ter várias pequenas alegrias ajuda nosso cérebro a liberar substâncias que manterão por mais tempo a sensação de felicidade e bem estar.

Gratidão: Perceber e ser grato pelas coisas boas que estão acontecendo

A capacidade de perceber as pequenas alegrias neste momento de crise, medo e tristeza que cada um de nós está experimentando, alguns em menor e outros em maior proporção; será o remédio que nos ajudará a enfrentar toda esta tristeza que estamos vivendo.

Aqui eu deixo um exercício da querida Eliane da Hora que tenho aproveitado em benefício próprio.

Exercício da Gratidão:
Escreva durante 7 dias, coisas ou situações que aconteceram com você e te fizeram bem.
No 1º dia você escreverá uma pequena alegria que tenha experimentado,
No 2º dia você lerá a Pequena Alegria do 1º dia e escreverá uma outra situação que experimentou neste dia,
No 3º dia já serão 2 Pequenas Alegrias para ler e você continuará a escrever sua pequena alegria do dia,
Ao final do exercício você terá 7 pequenas alegrias para relembrar e isto será uma oportunidade de exercitar a Gratidão, antídoto para tudo o que pode estar vivendo hoje.

* Regiane Campos – CRP 06/ 58579 – Psicóloga Clínica e Consultora Executiva escreve para o Jornal Cotia Agora mensalmente. É certificada pelo Conselho Federal de Psicologia para realizar atendimentos online. Telefone: 11 99003-3346 Site: http://www.harmonizegestaoemocional.com.br/
Instagram: https://www.instagram.com/regianecamposgestaoemocional/
Youtube: http://bit.ly/regianecamposgestaoemocional Facebook: https://www.facebook.com/pg/regianecamposgestaoemocional/
email: [email protected]