Psicóloga Regiane Campos : 120 Dias de Pandemia: Como lidar com as mudanças que surgiram?

São as relações profissionais que se tornaram mais virtuais com o teletrabalho chamado de home office!

A necessidade de se fazer coisas que tínhamos suporte da escola, da babá, da empregada doméstica, dos avós e; da noite para o dia fomos obrigados a (re)aprender.

A redução/aumento do trabalho. O aumento do tempo com a família. Bom por um lado, desafiante por outro.

A volta “ao Novo Normal”

É perceptível que mesmo quando tudo isso passar. E vai passar! Nós não seremos mais os mesmos, pois descobertas aconteceram e cicatrizes surgiram.

Podemos chamar o que está acontecendo de um “Despertar da Consciência?”

Já há algumas conclusões que conseguimos chegar como: a de que pessoas se empoderaram e perceberam que são capazes de fazer coisas em casa e que o fast-food é caro. E ainda de brinde perceberam que isto pode ser fonte de prazer e satisfação.

As empresas comprovaram que é mais econômico e motivador ter o colaborador trabalhando em casa e já estão criando novas dinâmicas de trabalho. Já vi companhias entregando imóveis e reduzindo gastos.

Mulheres e homens, ao contrário do que se imaginava, encontraram caminhos para exercitar corpo e mente e pasmem estão emagrecendo.

Profissionais encontraram maneiras de distribuir seu conhecimento de forma gratuita. Nunca vi tantas lives e cursos excepcionais sendo oferecidos de forma tão generosa.

Outros ainda estão percebendo o valor de estar perto. Hoje é comum conversar com os pequenos e os teens e eles dizerem: “Sinto falta dos meus amigos, mas gosto de ficar com meus pais o dia inteiro.” Falo com conhecimento de causa, pois na clínica tenho meus “clientinhos” que compartilham suas experiências no isolamento.

É intrigante que mesmo no caos estamos conseguindo fazer coisas que antes não tínhamos tempo ou coragem para iniciar pois, estávamos ligados no piloto automático e o pensamento: “Não tenho tempo.” prevalecia.

Adaptação e Revolta: Dois caminhos possíveis

Como lidar com o Novo Mundo que “já estamos vivendo?” A Pandemia, sem sombra de dúvidas nos fez viver o imprevisto, afinal fomos obrigados a deixar de fazer muitas coisas que vínhamos fazendo a uma vida em questão de dias.

Importante ressaltar, que não foi uma escolha mas sim uma imposição. E então como lidar com o “ Não dá para fazer assim vou ter que mudar?”

A sensação que geralmente sentimos em situações como estas é a frustração e pensamentos do tipo: “Como farei com o meu casamento, minha viagem que já estavam programados?” , “Como encarar o fato que terei de fazer atividades que não gosto?”, “Conseguirei ficar sem meus passeios e cafés no shopping?”, “Meu Deus, não tenho como dar conta do trabalho, casa e filhos!”, “Não sei se consigo ficar sem abraçar?”, “É o fim dos tempos, não poder conversar com Deus na igreja!” , com certeza visitaram nossos dias e nossas noites(sem sono ou com sonhos).

Diante de tudo isso dois caminhos surgem. O primeiro, a Aceitação, que é quando reconhecemos que a crise fará parte da nossa vida, todavia chegará a hora que ela acaba.

Assim como, por mais assustador que possa ser isso; aceitar o fato de que teremos de vivê-la nos ajuda a perceber oportunidades na situação atual além de nos sentirmos esperançosos de que voltaremos a viver coisas boas, que faziam parte da nossa vida.

O segundo caminho é a revolta, que se caracteriza pela dificuldade de perceber alternativas e pontos positivos, por menores que sejam na situação de crise.

É importante saber que, na maioria das vezes não temos a possibilidade de escolher qual caminho seguir; se a Aceitação ou a Revolta, pois simplesmente sentimos.

Por isso julgar o outro ou nós mesmos sobre “o porquê” não saímos do estado de frustração, com certeza não é a melhor decisão!

Medo, Tristeza e Raiva: emoções presentes nos momentos de crise

Medo, Tristeza e Raiva podem aparecer sozinhos ou misturados em um momento de crise

Interessante verificar o significado da palavra crise na medicina que é uma mudança brusca, produzida no estado do doente. Ela é causada pela luta entre o agente agressor e os mecanismos de defesa.

Quando falamos sobre emoções elas também trazem a dualidade, isto é os dois lados. O medo possui a capacidade de paralisar ou de auxiliar no planejamento para os próximos passos.

A tristeza, emoção que nos deixa mais introspectivos, quietos e pasmem, também mais criativos. Neste estado voltamos o pensamento para nós e com isso saímos do ritmo frenético que costumamos viver e, por consequência áreas criativas do nosso cérebro que auxiliam a produzir coisas novas são ativadas.

A temida raiva, tem uma capacidade de mudança muito grande por isso e da mesma forma que pode nos colocar em risco também pode ser o principal ingrediente para grandes transformações.

John Kennedy certa vez disse que quando escrito em chinês a palavra crise se compõe de dois caracteres: um representa perigo e o outro representa oportunidade.

Alegria, como cultivá-la nos momentos de crise?

Também considerada uma emoção universal, ela aumenta nossa capacidade cognitiva e nos torna mais criativos. Com ela conseguimos encontrar alternativas para questões.
A alegria também nos torna mais motivados, gerando um aumento da nossa capacidade física por isso ficamos mais produtivos.
Importante lembrar que esta emoção desregulada nos leva aos estados de euforia, que nos faz sentir poderosos e capazes de fazer tudo o que desejamos.

A alegria gera hormônios conhecidos como o quarteto da felicidade. Eles melhoram nossos relacionamentos interpessoais, pois quando estamos alegres ficamos mais tolerantes e pacientes com o outro.
Somos mais solidários e compreensivos gerando melhorias na nossa vida profissional e pessoal. Não é tudo o que precisamos hoje?

Difícil praticar a alegria no meio de tanta incerteza e tristeza!

A prática de alimentar sentimentos positivos neste momento de crise, medo e tristeza que cada um de nós está experimentando em diferentes proporções, será sem dúvida o remédio que nos ajudará a enfrentar tudo o que estamos vivendo.
Tenho visto muita gente se reinventando na sua forma de trabalhar. Você pode pensar: também se não fizer isso, morre de fome.
Isto é um fato, todavia se não existisse um componente de satisfação esta pessoa simplesmente não teria forças para enfrentar as adversidades do caminho.
Outras têm aprendido o valor de estar perto (mesmo que virtualmente) já que antes o ritmo frenético não permitia viver tais situações.
É fato que a Pandemia deixará cicatrizes todavia, penso que o convite hoje seja sobre o lado que queremos estar:
O lado da falta de energia ou o da criatividade?
O lado da paralisia e do pânico ou da atitude de cuidado com os próximos passos que daremos?
O lado da destruição de relações, empregos e vidas ou o da transformação?

* Regiane Campos – CRP 06/ 58579 – Psicóloga Clínica e Consultora Executiva escreve para o Jornal Cotia Agora mensalmente. É certificada pelo Conselho Federal de Psicologia para realizar atendimentos online.
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