Psicóloga Adriana Biem: Como fazer mudanças efetivas

Quando estamos focados em obter alguma mudança em nossas vidas, além de foco e esforço, devemos também entender que as mudanças não ocorrem de uma hora para outra. Toda mudança efetiva requer tempo e paciência para acontecer, por isso que não se deve falar para aquela amiga que vive um relacionamento ruim: “Termina logo com esse cara e vai ser feliz”!

Às vezes a amiga até já percebeu que não é ali que quer estar, mas ainda não conseguiu tomar uma atitude para mudar, e é preciso respeitar seu tempo.

Ao tomarmos decisões importantes muito rapidamente e sem as reflexões necessárias, corremos o risco de ir de um polo a outro de um modo agressivo e dessa forma, permanecemos presos ao que estamos querendo fugir.

Assim, em um primeiro momento, quando estamos presos, por exemplo, a um relacionamento abusivo, corremos o risco de migrar rapidamente para um total desprezo por aquela pessoa.

Isso pode ajudar inicialmente ao começarmos o processo de mudança. Se afastar e desprezar o objeto que antes fora amado, pode fazer parte da transição necessária para sair da situação na qual nos encontramos, mas é importante também trabalhar esse desprezo. Como ele ocorre e de que forma impacta em nossas vidas, pois enquanto ele existir significa que a pessoa, o objeto de desprezo, continua sendo uma fixação e desempenhando ainda um importante papel para nós. Enquanto estivermos presos a isso, não conseguiremos estar livres.

Transitar entre as polaridades é um movimento interessante, que nos ajuda a perceber o mundo e traz valor a cada experiência vivida, o problema está em quando ficamos presos, paralisados em um só lado, com uma falsa sensação de liberdade relativa ao que antes nos prendia.

Autoconhecimento pode trazer mais essa percepção de qual polaridade nos encontramos, lembrando que é preciso sempre transitar entre elas para verdadeiramente se conhecer.

Quando estamos somente em um dos lados, o organismo fica em desequilíbrio, o outro polo fica apagado e assim não é possível que nos conheçamos de maneira completa. Um verdadeiro autoconhecimento faz com que aceitemos também aquele lado nosso que não é tão bom, e não se engane, todos temos esse lado. Se você não o enxerga, é porque não se conhece suficientemente.

Somente quando nos apropriamos desses dois lados, é que podemos escolher em qual ficar, ou melhor ainda, quando ficar em cada um deles. Consequentemente, somente assim, poderemos fazer uma mudança efetiva, uma mudança com verdadeiro conhecimento de si mesmo, uma escolha real.

Por isso, que as grandes mudanças são demoradas e quando a fazemos de forma rápida, talvez não seja uma mudança e somente uma escolha de estar de um lado e alienar o outro que vai continuar presente e incomodando.

Tenha paciência consigo mesmo e lembre-se que a primeira grande chave para qualquer mudança, é antes, aceitar-se do jeito que se é.

*Adriana Cardoso BiemPsicóloga Clínica, especialista em Gestalt-Terapia, escreve quinzenalmente no Jornal Cotia Agora. Formada pela Universidade São Marcos, especialista pelo Instituto Sedes Sapientiae. Atende em Alphaville (Barueri/SP) e Granja Viana (Cotia/SP) –CRP 06/80681  – Contatos: [email protected] –  www.facebook.com/adrianabiempsicologa – @adrianabiempsi (Instagram)