Professor Marcão: Será que existe ainda em algum lugar a Monga, a Mulher Assassina?

Resolvi escrever este artigo depois que conheci o cinema 3D. Outro dia fui com a Karolina e a Germana assistir a um daqueles filmes rápidos que são exibidos em uma sala pequena, escura e com cadeiras confortáveis, que se movimentam com o passar do filme na tela.

Este movimento tem o objetivo de provocar sensações. Acompanhado com óculos 3D, coisa chique.

A Karolina adorou e já pediu para assistir a outro filme deste tipo. Sinceramente achei uma chatice e não me provocou sensação nenhuma. Nem de medo. Nem de alegria. Nem de pavor. Apatia. Além da boa companhia das Marias, o cinema 3D me fez lembrar a Monga, a mulher-gorila. Sensacional! Nada contra o cinema 3D. Provavelmente assistirei a outros filmes, novamente, nesta tecnologia moderna.

Aqui entre nós, quem já teve a oportunidade de assistir “Monga, a Mulher Assassina”, não se esqueceu até hoje e nunca se esquecerá. Este divertimento ilusionista provocava medo. Testava a nossa coragem. Adrenalina subia… Se algum garoto se recusava a entrar com os amigos para ver a Monga, caia em desgraça: “Você é frouxo.” “Medroso.” E outros adjetivos impróprios. Era motivo de chacota por um bom tempo.

Para quem nunca ouviu falar da Monga, era um espetáculo algo tenebroso, depois da transformação. Antes ela se apresentava como uma mulher linda. Linda mesmo! Tipo essas moças bonitas de novela ou de filme americano. Os garotos ficavam assanhadinhos. O cartaz no banquinho com a foto da belezura anunciava a sua perigosa transformação em Monga, a gorila assassina. A todo o momento você era testado.

O cenário era o seguinte: uma sala escura e na parede do fundo uma jaula com uma grade, como de cadeia. Uma lâmpada bem fraquinha. Uma voz soturna anunciava a transformação. A linda moça ia lentamente criando pelos no seu corpo. A música fúnebre ajudava a aumentar o medo, e em poucos minutos a ela virava uma gorila furiosa. Até esta parte do espetáculo tudo bem. Quando a mulher gorila começava a gritar e abria a grade da cela o bicho pegava. Era gente gritando e pedido socorro. Era gente trombando com a parede lateral da sala escura. Confesso que muitas vezes fiquei do lado de fora do recinto para ver e dar risada da reação das pessoas.

Numa destas vezes uma moça saiu com o vestido todo rasgado. Outra vez, outra moça saiu aos gritos e estapeando o namorado. Um rapaz saiu todo mijado. Gente desmaiada. Tudo aquilo era muito engraçado. Como sugestão: alguém poderia produzir um filme com a Monga, a Mulher Assassina, e passar no cinema 3D? A Monga vai te pegar. Risos!

*Marcos Roberto Bueno Martinez (Professor Marcão) é historiador de Cotia, professor de história e poeta. Escreve mensalmente no Cotia Agora. Conheça mais do trabalho de Marcão:www.cotiamemoriaeeducacao.blogspot.com