Privatização da Eletrobras deve encarecer cerveja, carne e leite; entenda

A Câmara dos Deputados aprovou na segunda-feira (21), a privatização da Eletrobras mesmo com os “jabutis” incluídos pelo relator, Senador Marcos Rogério. Isso deve encarecer a produção de energia em R$ 400 bilhões, segundo cálculos da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo). Além do repasse direto nas contas de luz, produtos de consumo (como cervejas, leite e carnes) também devem aumentar o preço.

Segundo levantamento da Abrace (Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), a energia elétrica representa 48% do preço do leite, 34% do valor da carne, 28% do que pagamos na cerveja e 10% do gasto em materiais de construção e açúcar.

O presidente Jair Bolsonaro deve sancionar a medida em até 15 dias, pois a Medida Provisória vence em 6 de julho. O governo federal, em contrapartida, afirma que a conta de luz deve reduzir entre 5% e 7% já a partir do próximo ano.

Entenda o projeto
“Nesse projeto, a atratividade para o novo investidor – o bônus, o prêmio que está prometido para ele, é a chamada ‘descotização’ das usinas que tiveram seu preço de geração reduzido em 2013”, explica à BBC Carlos Cavalcanti, diretor do departamento de Infraestrutura da Fiesp.

“A ‘descotização’ significa vender essa energia a preços de mercado, então ela vai passar de R$ 100, para R$ 200”, diz Cavalcanti. “Estão tentando convencer o consumidor de que a hora que você aumenta o preço de R$ 100 para R$ 200, vai abaixar o valor da energia elétrica. Não há matemática no mundo que sustente isso”, completa.

Além disso, a desestatização também prevê a contratação de térmicas, que têm custo de produção mais elevado. Segundo a MP, serão contratados pelo governo de 8 GW (gigawatts) em termelétricas a gás natural, que devem ser instaladas em sua maioria em Estados das regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste.

Como o gás brasileiro vem de alto mar, será necessária a construção de gasodutos, o que deve elevar o custo de infraestrutura em R$ 50 bilhões durante 20 anos.

“Houve uma interferência direta do Legislativo no planejamento energético”, disse Clauber Leite, coordenador do programa de Energia e Sustentabilidade do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).

Do iG