Presos em Vargem Grande, traficantes tem conexão com cartel mexicano

A prisão de seis traficantes e apreensão de 90 kg de cocaína em Vargem Grande Paulista, revelou ligações de criminosos brasileiros com um dos cartéis internacionais mais violentos do mundo. Na operação, foram detidos um brasileiro, um colombiano e quatro mexicanos.

No entanto, a justiça concedeu liberdade aos cinco estrangeiros por entender que não havia provas contra os suspeitos. Já o brasileiro W. C. foi condenado a 13 anos de prisão.

A decisão pela soltura ocorreu mesmo com a citação de vídeos contendo imagens e diálogos que revelariam um possível comércio de drogas no aparelho celular apreendido com um dos detidos.

O telefone do mexicano M. L. armazenava detalhes da negociação para a compra dos entorpecentes por narcotraficantes brasileiros que pareciam ter intimidade com o homem e até convidaram-no para um baile funk no Guarujá, cidade do litoral paulista. Os vídeos foram obtidos com exclusividade pelo núcleo de jornalismo investigativo da Record TV.

O Ministério Público de São Paulo recorreu da decisão de soltura dos traficantes. No entanto, todos podem ter deixado o país. As prisões levantaram suspeita da DEA (Drug Enforcement Administration, na sigla em inglês), a agência antidrogas dos Estados Unidos, que ofereceu ajuda às autoridades brasileiras no caso.

Cartel violento

Os quatro mexicanos e o colombiano soltos pela justiça brasileira são suspeitos de integrarem o cartel Jalisco Nova Geração. A polícia suspeita que eles vieram ao Brasil para monitorar o embarque das drogas com destino à Europa. Desta forma, o grupo criminoso abriria uma nova frente de negócios em uma rota lucrativa.

Criado em 2009, o cartel tem o nome de uma região do México. Com a prisão e extradição para os Estados Unidos do traficante “El Chapo”, considerado até então o maior traficante do país, o grupo criminoso ganhou força.

Os criminosos utilizam métodos violentos na briga pelo poder, como: decaptações, assassinatos em massa, sequestros e tortura. Em outra gravação obtida pela polícia, os criminosos desfilam com metralhadores e carros e gritam o nome do cartel. Nos veículos, é possível ver as letras CJNG, siglas que remetem ao nome do cartel.

Helicóptero

Após a prisão dos traficantes, os investigadores descobriram um helicóptero com traços de cocaína e suspeito de ser utilizado para transportar drogas do Paraguay para o Brasil. Um dos detidos na ocasião foi o piloto A. J., um conhecido criminoso que havia sido acusado de planejar o resgate de Marcola, um dos líderes do PCC, em 2018.

O piloto havia sido colocado em liberdade e fugido. Porém, foi preso novamente, há 15 dias, em uma operação da Polícia Federal que desarticulou um esquema de envio de drogas para a Europa a partir de portos do nordeste.

Os federais descobriram que J. operava o helicóptero carregado com cocaína para o traficante brasileiro S. N., conhecido como Minotauro, apontado como o chefe do tráfico da fronteira entre Brasil e Paraguay.

Por Thaís Furlan, da Record TV