Poesia de Luiz Carlos de Oliveira: “Solidão”

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Hoje vou falar de solidão, daquele sentimento profundo e secreto que, mesmo diante de várias pessoas, faz com que nos sintamos sozinhos.

Solidão, momento em que o dia parece noite, as horas insistem em não passar, o sonho se confunde com pesadelo e a vida para.

Forma-se um gosto acre na boca, um vazio desconexo que nada o preenche, um não se sabe o que de busca e de desencontro.

Do penhasco, a remota insensibilidade e distância agora parece invadir o ambiente contagiando-o, num monólogo sem perguntas nem respostas…

Ao longe, a ansiedade sem causa e sem término, como intermitente lembrança do que não volta, nem passa…

Solidão, grito e, a um tempo, silêncio, ambos ensurdecedores, que aplacam, inquietam, desnorteiam…

Assim nosso “eu” quando perde seu rumo, os passos parecem não ter chão e as mãos apalpam o nada…

Por isso, para não se fechar nesse mundo de ninguém, deve-se lembrar, sempre, que a verdade

não está em mim, em ti, em nós: está na vida… Vivamos!

Vivamos firmes e resolutos em busca de um ideal, sem egoismo, porém, com o coração aberto à amizade, à interação, ao amor.

Que não se  fuja nunca do sentimento de gratidão, de humildade, de simplicidade.

E você, que ao invés de unir-se às pessoas de bem para, juntos, alcançar suas metas, sem descurar dos pés no chão, prefere apegar-se à sorte…

Cuidado!

A sorte pode transmudar-se em sombra, e o sonho, antes possível, diluir-se num mar de dúvidas…

Você sabe nadar? Na vida?

A verdadeira vida é  a que se valora dentro de si, mas que se pratica no convívio com as pessoas que se ama e é por elas amado…

A presunção conduz à fantasia mental de que se é o dono da verdade, de que se tem o mundo nas mãos.

Para ser grande, seja simples, persistente e determinado como o raio solar, que a tudo e a todos ilumina…

Agora, um poema pertinente ao assunto que abordei:

SOLIDÃO

Solidão.

Pedra em forma de grito

que silencia na turbulência vaga…

Eco perdido nas horas

que sangram…

Sombra refletida na alma.

Dor profunda.

Fuga no apalpar,

desolação no sentir,

inquietude.

Da vasta impressão

o nada,

ante a imensidade sem resposta…

Vazio.

Um abraço. Até a próxima.

*Luiz Carlos de Oliveira é advogado em Cotia e também poeta, autor do livro “Um pouco de mim, de ti, de nós…”, escreve mensalmente no Cotia Agora.