Nível da Represa Itupararanga cai para 25% e preocupa cidades da região

Mesmo com as chuvas registradas nos últimos dias, a Represa de Itupararanga continua com redução de seu nível e está cada vez mais próxima de chegar ao chamado volume morto. Isso, se levarmos em consideração os dados da Votorantim Energia, divulgados terça (14), que mostra a redução no volume em 21%, desde julho deste ano. O local abastece Ibiúna e demais cidades da região, como Sorocaba.

De acordo com a Votorantim, o nível da represa, referente ao dia 13 de setembro, com o chamado nível montante, era de 818,13 msnm (metros sobre o nível do mar). O volume útil era de 25,27%. Em 26 de agosto, esse nível era de 26,08%. Já em 19 de agosto, o percentual era de 27,32%, quando a empresa informou que medidas foram adotadas e um dos objetivos era o de manter em 817,50 msnm como a cota mínima operacional do reservatório. Além disso, a ideia era reduzir a vazão defluente de 6 metros cúbicos por segundo para 4,5 metros cúbicos por segundo; e a desde 17 de agosto reduzir a vazão defluente de 4,5 metros cúbicos por segundo para 3,0 metros cúbicos por segundo.

As informações apontam que o local estava, na segunda-feira (13), a 0,63 msnm para atingir a cota mínima operacional do reservatório. Em julho, o volume era de 32%. Ontem, a Votorantim Energia afirmou que está operando a usina de modo a defluir apenas a vazão sanitária do Rio Sorocaba (mínimo permitido pelo órgão regulador) desde a segunda quinzena do mês de dezembro de 2020. “As operações estão direcionadas na garantia do abastecimento de água da região de Sorocaba e a vazão natural do Rio Sorocaba”, garante a empresa.

Preocupação
André Cordeiro Alves do Santos, biólogo, professor e vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê, vê o caso com preocupação e que o fato poderá se estender até o ano que vem. “Tudo depende do volume de chuvas que virão na primavera e verão de 2021/2022. Este ano as chuvas foram mais ou menos 40% abaixo da média histórica. Se este padrão continuar e algumas previsões dizem que sim, não vamos conseguir encher o reservatório, poderemos até ter uma folga mas o problema se estenderá para 2022. Lembrando que o atual problema começou no final de 2020 com uma primavera pouco chuvosa e uma gestão da barragem feita pela Votorantim Energia, que privilegiou a geração de energia em vez da reservação, o que fez que entrássemos no período de estiagem com o reservatório já muito baixo”, comenta.

Ele explica que o volume morto é a quantidade de água que não foi considerada quando da construção da barragem, na teoria seria o que restaria da água após toda sua utilização para geração de energia e abastecimento. “Em Itupararanga há duas saídas de água, uma de projeto que fica a 817,5 metros e outra chamada descarga de fundo que fica no 813. Na teoria, seria ainda possível tirar água até esta profundidade sem obras de engenharia. Porém adotamos a 817,5 pois esta cota permite as captações a montante (Alumínio, Mairinque e condomínios de Ibiúna). A água do volume morto, normalmente, por estar mais próxima ao sedimento tem uma qualidade pior, o que aumenta os custos de tratamento”. lembra.

Ele finaliza, fazendo um alerta: “É importante também destacar que as perdas das concessionárias são elevadas (cerca de 40%) e que municípios, como Sorocaba, estão numa taxa altíssima de aprovação de novos empreendimentos imobiliários, o que faz que a baixa disponibilidade de água encontre uma grande demanda. A conta não fecha e este problema é constantemente ignorado pela Prefeitura de Sorocaba e seus parceiros do setor imobiliário”, afirma.

Por Marcel Scinocca (Jornal Cruzeiro)