MPF diz que apreensão de drogas mostra vulnerabilidade no aeroporto de Cumbica

Quatorze pessoas foram presas e alguns dos envolvidos poderão ser condenados a até 75 anos de prisão por tráfico internacional de drogas

Após meses de interceptações telefônicas e trabalho de campo, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal desestruturaram uma quadrilha voltada ao tráfico transnacional de drogas formada por funcionários e ex-funcionários de empresas que prestam serviços no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. A Operação Carga Extra, além de resultar na prisão preventiva de 14 envolvidos, mostrou lacunas na segurança do principal aeroporto internacional do país.

Imagens do circuito de câmeras internas do aeroporto, obtidas em abril deste ano, revelaram que um caminhão de lixo usado para levar a droga ao aeroporto chegou ao local acompanhado de mais dois carros e uma moto. Os quatro veículos passaram tranquilamente pela guarita de acesso, sem que fossem parados ou solicitado qualquer documento de autorização.

A procuradora responsável pelo caso, Ellen Cristina Chaves Silva, encaminhou estas informações e imagens colhidas para o ofício cível da Procuradoria da República em Guarulhos, para que possam ser adotadas providências pertinentes naquela esfera visando apurar as falhas de segurança no acesso às áreas restritas do aeroporto.

A operação demonstrou que o grupo introduzia grandes quantidades de cocaína no aeroporto por meio de caminhões de lixo de empresas prestadoras de serviços no local. Em seguida, a droga era acondicionada em contêineres de menor dimensão, que eram transportados para as instalações dos Correios no aeroporto, onde recebiam o restante do carregamento, com as encomendas regulares a serem exportadas. Por fim, os contêineres com a droga disfarçada seguiam para as aeronaves, e de lá para a Holanda.

O grupo investigado atuou em ao menos três grandes carregamentos de drogas, totalizando mais de meia tonelada de cocaína. O primeiro deles chegou a deixar o Brasil e foi apreendido no Aeroporto Internacional de Amsterdã/Holanda, em julho de 2015, e os outros dois carregamentos foram apreendidos ainda no aeroporto, em setembro de 2015 e abril de 2016. O total dos carregamentos ultrapassou meia tonelada de cocaína.

A operação foi deflagrada no dia 23 de maio de 2016, com a prisão de 14 (quatorze) investigados e a realização de buscas e apreensões na residência dos envolvidos. O Ministério Público Federal participou das audiências de custódia dos presos, que terminaram na última terça-feira, 24 de maio, na Justiça Federal de Guarulhos, e verificou-se a regularidade das prisões.

Quando o MPF receber o inquérito relatado da Polícia Federal terá o prazo de 10 (dez) dias para denunciar os investigados pelos crimes de tráfico transnacional de drogas e associação para o tráfico transnacional de drogas.

De acordo com a Lei nº 11.343/2006, caso a ação seja julgada procedente, os réus podem ser condenados a 25 (vinte e cinco) anos de reclusão, por cada crime de tráfico, considerada a causa de aumento da transnacionalidade. Já pelo crime de associação, também com a referida causa de aumento, podem ser condenados a até 18 (dezoito) anos. Há envolvidos que estão ligados aos três casos de tráfico e podem ser condenados a penas que poderão somar 75 anos.