Mauro Calil: Alta gastronomia nos investimentos

A vida corrida nos impõe diversos compromissos, nos leva a deixar algumas coisas sempre para depois. Por comodidade deixamos nosso dinheiro no banco em que a empresa nos paga, aplicamos no que o gerente deseja ou no que o sistema automático do banco aplica, etc.

Poucos fazem a gestão ativa do seu patrimônio, não se interessam por investimentos e sequer sabem o quanto pagam de tarifas ao banco. Aliado a isso, e a despeito das propagandas, os gerentes dos bancos de varejo raramente dispõem de tempo para um atendimento personalizado, afinal suas carteiras são gigantes e, estão ocupados demais com seus afazeres e problemas rotineiros.

O que nos mantêm nestes bancos? Mais uma vez a comodidade. Isso é péssimo pois inverte a razão comercial. A instituição passa a não precisar do cliente mas sim o cliente é quem passa a necessitar do banco.

Ocorre que em outros bancos você pode ter um atendimento realmente diferente com consultoria sobre investimentos, sem pagar taxas. Faço uma analogia com o mundo gastronômico. Onde o almoço é melhor? No restaurante por quilo ou no bistrô? As instituições menores além de remunerar melhor os investimentos, na maioria das vezes oferecem um melhor atendimento porque seus funcionários não necessitam saber se o cheque compensou ou não, se o cliente vai sacar ou não, se vendeu capitalização ou não, ou seja, sua preocupação é com a qualidade da matéria-prima e dos processos que resultam em uma oferta melhor ao cliente final.

Mas ao contrário do atendimento vip dos bistrôs que custam caro, a alta gastronomia financeira costuma não ter custo adicional de taxas de manutenção de conta, cadastro, etc. A alta rentabilidade dos investimentos destinados a poucos paga tudo.

No mundo financeiro quase nunca o mais caro é o melhor!

Resta aqui a percepção da segurança. Na verdade surge a heurística da representatividade, como designado pela ciência das finanças comportamentais. É o julgamento por estereótipos ou por modelos mentais de aproximação. Os tomadores de decisão avaliam a probabilidade de ocorrência de um evento através da similaridade com acontecimentos passados.

Trocando em miúdos, o investidor sempre ficará psicologicamente refém de seu gerente do grande banco, pois este dirá: Você sairá DEEESTE banco super sólido? …. E diz isto como se fosse inquebrável. Pois saiba que não é. Saiba ainda que diversificar seus investimentos em outras instituições, não só melhora sua rentabilidade como, dilui seu risco. Se você investe em Renda Fixa ainda terá sua garantia do FGC multiplicada ao migrar recursos para instituições diversas.

Ninguém melhor do que você pode dar melhor valor para o seu dinheiro, portanto cuide dele, se não está tendo um bom retorno no banco atual, mude de banco, se não consegue atendimento da forma como entende ser boa para você procure outra instituição, às vezes, mudar não faz mal para ninguém, você não precisa fechar as portas na instituição antiga, mas pode tentar conseguir uma rentabilidade muito melhor com a mesma ou maior segurança atual.

“Para quem sabe ler, pingo é letra.” – Ditado popular
Incomode-se com sua comodidade – Frase minha.

*O professor Mauro Calil é  especialista em investimentos no Banco Ourinvest.
É também  palestrante e autor dos livros “Receita do bolo” e “Separe uma verba para ser feliz” e proprietário da Academia do Dinheiro, instituição especializada em cursos de educação financeira e finanças.  Possui mestrado pela USP e Pós Graduação
em Marketing pela ESPM e certificado pela ANBIMA como CEA.