Luiz Carlos de Oliveira e a poesia do mês

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Há momentos na existência em que só a poesia encontra espaço…

A vida, ininterrupta, navega impassível em alto mar diante de nossos questionamentos. Simplesmente segue seu curso. Parece surda!

Mas a aurora prometeu que tudo seria claridade e o verdor dos campos o símbolo de nossas realizações, nossas conquistas, nossa felicidade

Trouxe um vazio, porém, uma interrogação enorme, sem compreensão nem resposta, sem solução.

Então, nesses momentos, que a poesia fale por nós, porque, sendo feita de sonhos, tem asas que podem mais que a realidade!

E que venha repleta de esperanças, como um oásis, para que não nos esmoreçamos.

Fases há, realmente, de crueza e instabilidade, mas viver é, sempre, um leque de novos horizontes e perspectivas, novas possibilidades.

Esses instantes que nos confundem e tornam árdua a caminhada, que sejam o trampolim para vitórias e glórias, sem resquícios de arrependimento.

No amor, na amizade, na vida em família, permeie o liame de valor insofismável que se traduz em união, companheirismo, cumplicidade. Com solidez.

E que os momentos insólitos, obtusos, inóspitos, percam-se na transitoriedade.

Agora, meu poema:

A TARDE É SÓ O PRENÚNCIO DA AUSÊNCIA

A tarde é só o prenúncio da ausência.

Árduo é enfrentar a noite.

Recolho-me em silêncio como alguém dentro do invólucro do medo.

Em vão.

Os pesadelos do meu infortúnio reúnem-se, indisfarçavelmente, às vinte e duas horas,

e as decisões que articulam sufragam frontalmente o que não sou.

Eis-me ao alvedrio dos sonhos:

Ah, se a realidade fosse um pássaro e o meu destino também!

Hoje, quando acordei, havia resquícios de ontem em mim…

Isso porque o amanhã se fez tão distante e a aurora anuviou-se.

Quero alguma coisa, procuro-a em algum lugar,

e só ouço a resposta: continue!

Cadê o que sou?

Abraços. Até a próxima.

*Luiz Carlos de Oliveira é advogado em Cotia e também poeta, autor do livro “Um pouco de mim, de ti, de nós…”, escreve mensalmente no Cotia Agora.