Indústria de SP demite 30,5 mil em julho e deve encerrar 2015 com 200 mil empregos a menos

O setor manufatureiro paulista fechou 30,5 mil postos de trabalho em julho, o equivalente a uma queda de 1,07% em relação ao quadro de funcionários em junho, na leitura com ajuste sazonal. Este é o pior julho desde 2006, início da Pesquisa de Nível de Emprego da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp).

“É trágico. O final do ano talvez nos entregue 200 mil empregos a menos que no ano passado”, estima Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp e do Ciesp, responsável pelo levantamento.

De acordo com o diretor, “se somarmos os empregos perdidos em 2014 e 2015, são 10 estádios da Copa lotados”. Em 2014, a indústria paulista registrou o fechamento de 130 mil postos de trabalho.

Segundo a pesquisa, divulgada nesta quinta-feira (13/8), de janeiro e julho deste ano a indústria já demitiu 92,5 mil funcionários, o pior resultado para o período na série histórica do levantamento, iniciado em 2006. E se comparado com julho de 2014, são 205,5 mil vagas a menos no setor, também o pior patamar da história.

Francini avalia que tanto a crise econômica quando a crise política são influências de igual peso na situação de emprego na indústria.

“É difícil dividir se é uma crise política ou econômica, é a junção de tudo que faz estarmos nessa situação gravíssima”, diz. “E alguns perguntam: Por que o empresário não pega o seu espírito animal e parte para investir? Mas como ele vai fazer isso se não tem uma visão de futuro? Numa situação de perda constante da economia, é muito difícil criar um ambiente de esperança”.

Setores

A indústria de açúcar e álcool foi responsável por 2.718 demissões em julho, enquanto o restante do setor de transformação fechou 27.782 postos de trabalho.

Dos 22 setores avaliados pela pesquisa do Depecon, 17 registraram baixa em seu quadro de funcionários, três registraram contratações e dois ficaram estáveis.

A indústria de veículos automotores demitiu 6.661 funcionários em julho, enquanto o setor de produtos de borracha e de material plástico fechou 3.970 vagas. E o segmento de produtos têxteis registrou 2.389 demissões.

O setor que mais contratou no mês passado foi o de produtos diversos, que criou 172 vagas no Estado.

No acumulado do ano, a indústria automotiva é que registra maiores perdas, com uma variação negativa de 9,4%.

Regiões

O Depecon sonda o emprego em 36 regiões paulistas. Em julho, 31 anotaram demissões, três contrataram e duas se mantiveram estáveis.

A região de São Bernardo foi destaque entre as perdas de emprego, com variação negativa de 3,48%, influenciada por baixas nas indústrias de veículos automotores e autopeças (6,85%) e de borracha e plástico (-3,18%).

São Caetano também amargou perdas em julho, de 3,02% em meio a demissões também nos setores de veículos automotores e autopeças (- 5,82%) e de borracha e plástico (-1,74%). E São João da Boa Vista registrou queda de 2,63%, pressionado pelos segmentos de produtos alimentícios (-3,50%) e máquinas e equipamentos (-4,83%).

Já entre os ganhos, destaque para a região de Osasco, com alta de 0,19%, influenciada por algumas contratações das indústrias de impressão e reprodução (6,37%) e produtos alimentícios (1,90%). Jacareí também registrou contratações. A região anotou crescimento de 0,17% no mercado de trabalho, motivado pelos setores de produtos de metal (3,36%) e de papel e celulose (1,55%). Matão subiu 0,12% em julho, impulsionado pelo segmento de produtos alimentícios (0,99%).