Ibiúna: Ong faz abaixo-assinado contra projeto para tirar areia de rios

A Ong SOS Itupararanga está realizando um abaixo-assinado contra a realização do megaprojeto da Votorantim Cimentos, que pretende extrair mensalmente mais de 40 mil toneladas de areia e argila da várzea dos rios Sorocabuçu e Sorocamirim, localizados na área ao lado da Marginal, em Ibiúna.

Os rios são os principais afluentes da Represa de Itupararanga, que atualmente abastece mais de 700 mil pessoas na região. “Neste atual contexto de escassez de água que o manancial vem enfrentando desde 2014, é inaceitável um novo projeto de mineração que propõe a extração de 30 mil toneladas de areia e 10 mil de argila mensalmente por 10 anos. Sendo assim, pedimos o seu apoio pelo indeferimento deste absurdo”, diz o apelo enviado pela ONG.

A assinatura pode ser feita através do link: http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR86017.

No início de setembro, o Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental (APA) de Itupararanga rejeitou o pedido da Votorantim Cimentos para fazer a extração de areia e argila na foz da represa e enviou um relatório para a Cetesb, que será o órgão responsável por autorizar a realização do projeto.

De acordo com os levantamentos realizados pela consultoria ambiental contratada pela empresa, existe no local uma camada de aproximadamente 14 metros de areia, estimada em mais de 2 milhões de toneladas. A exploração destes minerais visa atender ao mercado da construção civil e a produção de argamassa e outros materiais. O polígono (área a ser explorada) possui 20 hectares e a extração se dará em cinco cavas com 40.000m² cada (equivalente a área de quatro campos de futebol), partindo das proximidades da Rodovia Quintino de Lima, que liga Ibiúna a São Roque, e distribuindo-se pela várzea, próxima à “cabeceira” da Represa. Na área, existem 140 espécies de aves, sendo três delas ameaçadas de extinção, além de 16 espécies de mamíferos e 11 de peixes.

Os conselheiros da APA apontaram impactos como o assoreamento da represa, contaminação das águas pelo derramamento de óleo dos equipamentos e caminhões utilizados nas atividades e a supressão da vegetação do local. A várzea possui uma função ecológica fundamental para manter a qualidade das águas da represa, servindo como um filtro e impedindo que o esgoto de Ibiúna e de municípios vizinhos trazidos pelos rios cheguem ao reservatório. Cabe ao Conselho emitir uma manifestação técnica sobre o projeto e este parecer integrará o processo de licenciamento ambiental na Cetesb.

Em nota, a Votorantim Cimentos afirma que pretende fazer a extração de areia e argila, mas não no leito dos rios Sorocabuçu e Sorocamirim, que formam a represa de Itupararanga. Segundo a empresa, isso afasta o risco de problemas ambientais como o assoreamento. Além disso, alega a empresa, “o requerimento prevê um plano de controle ambiental rígido, com monitoramento constante do solo e da água na área pela Cetesb e pela Votorantim Cimentos”.

Do Jornal do Povo