Fake News: Parte dos ataques a ministros do STF partiu de computador de Cotia

O inquérito do STF – Supremo Tribunal Federal aberto para investigar fake news identificou empresários pró-Bolsonaro que estariam financiando ataques contra ministros da Corte nas redes sociais. O Estadão apurou que as investigações estão adiantadas e atingem até mesmo sócios de empresas do setor de comércio e serviços, todos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

Embora o inquérito, que tramita sob sigilo, seja destinado a investigar ameaças, ofensas e calúnias dirigidas a ministros do STF e suas famílias, as informações são de que o mesmo grupo de empresários também está ajudando a convocar os atos do próximo domingo, tendo como alvo o Congresso e o Judiciário.

O custo dos ataques virtuais pode chegar a R$ 5 milhões por mês. As apurações indicam que esses empresários bancam despesas com robôs – programas de computador que podem ser usados para fazer postagens automáticas nas redes – e produção de material destinado a insultar e constranger opositores de Bolsonaro nas mídias digitais.

Aberto em março do ano passado por determinação do presidente do Supremo, Dias Toffoli, o inquérito não identificou apenas fake news, mas também evasão de divisas, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal por parte de alguns empresários. A expectativa é de que o processo, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, seja concluído em maio e enviado ao Ministério Público.

Em outra frente, a CPI das Fake News vai buscar reforços para a investigação que tramita no Congresso, mas está patinando porque virou uma disputa entre governo e oposição.

A estratégia é lotear a CPI para tentar avançar nas apurações sobre o pagamento de robôs que propagam notícias falsas ou atacam políticos que batem de frente com Bolsonaro. Integrantes da CPI já solicitaram ao Supremo o compartilhamento de dados relativos ao inquérito das fake news, mas tiveram o pedido negado, sob o argumento de que o foco da Corte está apenas nos magistrados e suas famílias.

CPI

A CPI Mista das Fake News identificou que as páginas responsáveis por disseminar ataques virtuais contra parlamentares e integrantes do Judiciário partiram de três Estados e do Distrito Federal. Os dados foram obtidos a partir da quebra de sigilo de perfis solicitados pela comissão ao Facebook, empresa responsável pelas redes sociais usadas para espalhar as mensagens.

As páginas no Instagram que tiveram o sigilo quebrado são Conservador Liberal, Mito do Brasil, além de snapnaro e bolso_feios. Os endereços de criação das duas primeiras apontam para contas acessadas a partir das regiões de Belo Horizonte e de Cotia.

No caso da snapnaro, a criação da página foi feita a partir de Valença (RJ), mas a comissão também identificou acesso à conta feito por computadores do Senado, como revelou o jornal O Globo.

Do Estadão