Espiritismo com Lúcio Cândido Rosa: Convivência familiar

Observando a sociedade em geral, verificamos que há famílias, como costuma-se dizer, que dão “certo” e outras que dão “errado”.
A Doutrina Espírita vem nos esclarecer que, temos dois tipos de famílias: – uma biológica e outra espiritual.

Iniciemos falando sobre a família espiritual. Essa é a família ideal, onde todas as diferenças já foram sanadas.
São espíritos que conseguiram perdoar-se e vivem em clima de amor e de fraternidade. Essa família, quando encarna na Terra, vem com um intuito missionário. Vem para dar exemplo e amparar os demais a evoluírem.

Pais, filhos e demais familiares gozam da paz que todos proporcionam, entre si e com os demais. Como nosso planeta ainda é uma escola, com expiação e provas, a maioria das famílias ainda se desintegram cedo ou tarde, por falta de amor, compreensão, respeito e tolerância.

Vamos focar o grupo familiar que vem para sanar “as diferenças”. É a família biológica. Em toda união afetiva, no início, há uma fase chamada de “fascinação”. É um período de “paixão avassaladora” em que não se enxerga os costumes e vícios dos parceiros. Não adianta os outros apontarem os defeitos.

Assim que essa paixão vai “esfriando”, começa-se a perceber os “defeitos”, que muitas não se aceita, e, portanto, a relação termina ou torna-se insustentável. E, em meio a esse turbilhão surgem os filhos. Uns vêm para auxiliar no relacionamento, e outros, para provocarem mais discórdias.

O planejamento familiar feito na espiritualidade é para o crescimento espiritual e moral de todos, mas, na maioria das vezes, falhamos. Muitos que nascem com dificuldade de relacionamento familiar, têm o seguinte pensamento: – Não deveria ter nascido. Não mereço esse pai, essa mãe, esses irmãos…

Não é certo pensarmos assim, porque muitas vezes, imploramos a oportunidade de renascer em busca do perdão, do acerto de contas, da evolução espiritual. Na verdade, precisamos entender que jamais “caímos de paraquedas” no meio de uma família.
Somos espíritos imortais, com o direito de ir e vir em várias existências neste orbe, e, na maioria das vezes, tendo o direito de escolher onde vamos nascer ou morar. Sendo assim, a família é aquela com a qual estamos convivendo hoje, por escolha, e o local ideal para nos aperfeiçoarmos, pois ali estão os melhores educadores, para executarmos o desenvolvimento de nossos sentimentos e virtudes.

Depois de milhares de encarnações, teremos a mesma proporção de amor, que Jesus tem por toda a Humanidade. Mas, como somos Espíritas, ainda em busca da perfeição, na maioria das vezes, aqui chegamos cheios de imperfeições, que precisam ser trabalhadas em meio à convivência com outras pessoas, em pequenos ou grandes núcleos, chamados “família”.
É ali o único lugar onde deixamos cair a “máscara”, não disfarçando nossas más tendências e defeitos.

Isso tudo acontece porque, ao reencarnarmos, escolhemos o grupo familiar com o qual iremos conviver, mostrando todas as nossas mazelas, escolhendo aquele pai, mãe e irmãos, que nos auxiliarão em nosso burilamento.
E, em meio a tudo isso encontramos Espíritos pelos quais temos uma grande afinidade, e outros que parecem ser verdadeiros inimigos, dentro do grupo familiar e demais parentes.

São duas situações adversas, cujos motivos já comentamos no início deste artigo. Onde parece que encontramos inimigos, na verdade, é um novo reencontro, para que haja a possibilidade de apararmos as arestas, através de um novo convívio sanguíneo, permitido por Deus, com o intuito de, no futuro, virmos a pertencer à grande Família Universal, unidos pelos laços de amor e de fraternidade.
Essa Família Universal deseja intensamente que alcancemos nossos objetivos no caminho da evolução, e que futuramente, façamos parte dela.
Quando se trata de pais e filhos biológicos ou adotivos, a doutrina Espírita devota grande atenção e eles.
No decorrer da existência, poderemos ser adotados, por aquela, que deverá ser nossa verdadeira família. O fato de não termos nascido dela pelos meios consanguíneos, resume-se em alguma situação necessária, que foge a nossa compreensão.

Desta forma, não importa se teremos dois pais, duas mães, ou grupos familiares diferentes, pois o que importa é o amor, o respeito, a moral recebida. Sejamos gratos por pertencer àquele meio que seria e é nosso por determinação espiritual.
Devemos ressaltar que, ao adotarmos uma criança, como bons pais, teremos uma série de deveres para com ela em sua formação, até que atinja sua maioridade. Porém, ela também não estará livre dos deveres para conosco, principalmente, quando estivermos doentes ou quando chegarmos à velhice, merecendo todos os cuidados tanto na condição física como espiritual.

Está em nossas mãos escolhermos viver bem no grupo familiar em que nascemos ou fomos acolhidos, com as pessoas com quem convivemos até o dia de hoje, pois ali está o resumo de uma grande oportunidade, de um relacionamento saudável, visando alcançarmos a verdadeira felicidade, aqui, e mais tarde, no mundo espiritual.

Muita paz a todos!

* Lucio Cândido Rosa escreve quinzenalmente sobre espiritismo e espiritualidade no Jornal Cotia Agora. Quer enviar sugestão de algum tema para que ele aborde? Envie para o email [email protected]